Enviado dos EUA na ONU em encontro "histórico" com funcionário de Taiwan
A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Kelly Craft, almoçou hoje com um alto funcionário de Taiwan em Nova Iorque, uma reunião que considerou "histórica", em mais um passo na aproximação de Washington a Taipé.
© REUTERS/Mike Segar/Pool
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Craft disse que almoçou com James K.J. Lee, o diretor do Gabinete Económico e Cultural de Taipé em Nova Iorque, num restaurante ao ar livre em Manhattan, na primeira reunião entre um alto funcionário de Taiwan e um embaixador norte-americana nas Nações Unidas.
"Estou a tentar fazer a coisa certa pelo meu Presidente e sinto que ele tem procurado fortalecer e aprofundar esta relação bilateral. Quero continuar isto em nome do governo", afirmou, citado pela agência Associated Press.
A reunião ocorreu um dia antes do vice-secretário de Estado dos EUA, Keith Krach, aterrar em Taiwan, na segunda visita de alto nível pelos EUA à ilha em seis semanas.
Krach tem um encontro marcado com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e outras autoridades importantes da ilha, segundo o ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan.
A aproximação a Taipé é altamente sensível para Pequim.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Mas a China considera Taiwan como território sob a sua soberania e opõe-se a qualquer tipo de interação oficial entre outros países e a ilha.
As relações entre Washington e Pequim atravessam o pior período em várias décadas, marcadas por uma prolongada guerra comercial e tecnológica, o estatuto de Hong Kong ou a soberania do mar do Sul da China.
A aproximação a Taiwan é, em grande parte, resultado do forte apoio bipartidário no Congresso, numa altura em que os Estados Unidos lançam um ataque a várias frentes contra o Partido Comunista Chinês.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Taiwan fez a transição para um sistema democrático, após várias décadas de governação dos nacionalistas sob a lei marcial.
O governo de Donald Trump está a pressionar pela inclusão de Taiwan como uma entidade separada em organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde e a Organização da Aviação Civil Internacional, e tentar parar países de romperem relações com Taipé.
Craft disse que Lee, que foi secretário-geral do ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan até julho passado, e recém-chegado a Nova Iorque, a convidou para almoçar.
"Foi uma boa maneira de o país anfitrião o receber em Nova Iorque e ouvir sobre a sua família e a sua experiência, e obviamente demonstrar o seu respeito e admiração pelo povo chinês", bem como pelas "muitas inovações em tecnologia (?) que Taiwan tem para oferecer ao mundo".
Pequim cortou o contacto com Taipé após a eleição, em 2016, da Presidente Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista, e tem procurado isolar Taiwan diplomaticamente, enquanto aumenta a pressão política, militar e económica.
A China tem intensificado a sua ameaça de reunificar a ilha pela força militar, através de exercícios militares frequentes e patrulhas aéreas.
Taiwan deixou as Nações Unidas em 1971, quando a China aderiu, e foi excluída de todas as suas agências, incluindo a assembleia da Organização Mundial da Saúde, onde o estatuto de observador lhe foi retirado. Ao mesmo tempo, possui um dos sistemas de saúde pública mais robustos do mundo e recebeu elogios pela forma como lidou com o surto do coronavírus.
Em maio, uma mensagem difundida na rede social Twitter da Missão dos EUA nas Nações Unidas expressou apoio à participação de Taiwan nas Nações Unidas, defendendo que a organização mundial de 193 membros foi fundada para servir a "todas as vozes", uma diversidade de pontos de vista e perspetivas, e promover os direitos humanos.
Craft disse que os 24 milhões de habitantes de Taiwan "precisam ser ouvidos e estão a ser marginalizados por Pequim".
"É realmente uma pena porque eles deveriam poder participar nos assuntos da ONU, como qualquer outra pessoa", disse.
"Se os EUA não enfrentarem a China, quem o fará quando se trata de Taiwan, e não apenas Taiwan, mas Hong Kong e outros", questionou.
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