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Países mais ricos já reservaram metade das futuras doses de vacinas

Um grupo de países ricos, que representam 13% da população mundial, já adquiriu metade das futuras doses de vacina contra a covid-19 em estudo, indicou um relatório da organização não-governamental (ONG) Oxfam.

Países mais ricos já reservaram metade das futuras doses de vacinas
Notícias ao Minuto

07:47 - 17/09/20 por Lusa

Mundo Oxfam

O objetivo destes países, que incluem os Estados Unidos (EUA), Reino Unido, UE e Japão, é garantir o fornecimento junto de múltiplos concorrentes, na esperança de que pelo menos uma das vacinas em estudo se revele eficaz, uma política que agrava as dificuldades que a maior parte da população mundial terá para conseguir vacinas, de acordo com o relatório, divulgado na quarta-feira.

Em maio, os EUA assinaram vários contratos para garantir a produção e entrega de vacinas, caso os ensaios clínicos em curso sejam bem sucedidos, já a partir de outubro, podendo ser distribuídas no prazo de 24 horas, após autorização sanitária.

A empresa farmacêutica AstraZeneca, parceira da Universidade de Oxford, assinou a maioria destes contratos, mas a Sanofi, Pfizer, Johnson & Johnson, a empresa norte-americana de biotecnologia Moderna, o laboratório Sinovac na China e o instituto russo Gamaleia também venderam centenas de milhões de doses em todo o mundo, por vezes em parceria com fabricantes locais.

Segundo a Oxfam, já foram assinados contratos com cinco destes fabricantes na fase 3 de ensaios clínicos para 5,3 mil milhões de doses, 51% dos quais para países desenvolvidos, incluindo, além dos EUA, Reino Unido, UE e Japão, também Austrália, Hong Kong, Suíça e Israel. Os números não incluem compras a fabricantes que estão ainda em fases inferiores no desenvolvimento de vacinas.

O restante foi prometido à Índia (sede do gigantesco fabricante Serum Institute of India), Bangladesh, China, Brasil, Indonésia e México, de acordo com a Oxfam.

Os Estados Unidos, com 330 milhões de habitantes, reservaram um total de 800 milhões de doses junto de seis fabricantes, enquanto a UE, com 450 milhões de habitantes, comprou pelo menos 1,5 mil milhões de doses, de acordo com uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP).

"O acesso vital às vacinas não deve depender de onde se vive ou de quanto dinheiro se tem", criticou um responsável da Oxfam, Robert Silverman.

A Oxfam também denunciou o boicote dos Estados Unidos a um mecanismo de mutualização internacional de vacinas apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que carece de financiamento para poder oferecer imunização em países em desenvolvimento.

Há uma semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou que a OMS precisa de 35 mil milhões de dólares (29,3 mil milhões de euros) para os programas de desenvolvimento e distribuição de vacinas, tratamentos e diagnósticos contra a covid-19.

Em maio, a OMS criou o programa ACT Accelerator, com apoio da UE, para financiar investigações sobre respostas médicas à pandemia e, posteriormente, distribuí-las em países sem poder aquisitivo.

No entanto, o organismo só conseguiu arrecadar menos de 10% do total necessário para garantir o acesso às vacinas dos países em desenvolvimento, três mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros).

Pelo menos 15 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros) vão ser necessários nos próximos três meses "para não perder a janela de oportunidade e potenciar o uso das novas vacinas" contra a covid-19 que tiverem sucesso, sublinhou Guterres.

Nessa altura, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que participaram numa reunião do conselho do programa ACT Accelerator, recordaram que, se a pandemia não for travada nos países em desenvolvimento, poderá regressar aos desenvolvidos, ainda que haja vacinas e melhores terapias.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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