ONU denuncia severa degradação da situação no Iémen
Responsáveis das Nações Unidas manifestaram hoje junto do Conselho de Segurança o seu pessimismo sobre a deterioração da situação no Iémen, onde "o espetro da fome está mais presente", denunciando que vários doadores árabes falharam nas suas promessas.
© Reuters
Mundo Iémen
"Combates intensificados, necessidades humanitárias aumentadas e a pandemia da covid-19, que está a provocar estragos", afirmou o enviado da ONU Martin Griffiths, referindo-se ao país que "está a desviar-se do caminho da paz".
O enviado das Nações Unidas disse ter enviado, na semana passada, às várias partes um rascunho de "declaração conjunta" refletindo as opiniões expressas em discussões anteriores.
"Agora é hora de as partes concluírem rapidamente as negociações e finalizarem a declaração conjunta" sobre um acordo de paz, contou.
Sobre os combates, o enviado expressou a sua preocupação com a região de Marib, no norte, e especificou que as violações do cessar-fogo decretado em dezembro de 2018 na região de Hodeida, no oeste, continuam a ser diárias.
O secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, alertou sobre o "espetro da fome".
"Vários doadores, incluindo a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Koweit, que têm a responsabilidade particular assumida nos últimos anos, até agora não deram nada do comprometido este ano à ONU" pelo seu plano humanitário, denunciou Lowcock, numa rara acusação direta a membros das Nações Unidas.
"É particularmente repreensível prometer dinheiro, o que dá às pessoas esperança de que a ajuda está a caminho, e depois destruir essas esperanças ao simplesmente não cumprir a promessa", insistiu.
Lowcock prosseguiu dizendo que mais de nove milhões de pessoas foram "afetadas por cortes crescentes em programas de ajuda, incluindo alimentos, água e bens de saúde" e que "continuar a reter dinheiro para resposta humanitária é uma sentença de morte para muitas famílias", apelando aos doadores para "cumprirem as promessas e aumentarem o seu apoio".
A Alemanha, particularmente, considerou escandalosa a atitude dos países árabes mencionados.
"Nas últimas semanas, o conflito agravou-se, principalmente no centro do país" e "em agosto foram mortos mais civis do que em qualquer outro mês desde o início do ano", lembrou o responsável da ONU, acrescentando que "as regiões que passam mais fome são as mais afetadas pelos combates".
Em comunicado divulgado hoje pela organização não-governamental (ONG) Oxfam, 31 organizações iemenitas exortaram "a comunidade internacional e os doadores a exercerem mais pressão sobre as partes no conflito e apoiantes para interromper imediatamente todas as operações militares no país".
A ONG pediu também a garantia de que "todos os esforços se concentrem na batalha contra a covid-19 e no regresso das negociações de paz que devem incluir a participação das mulheres e da sociedade civil.
A guerra no Iémen opõe, há mais de cinco anos, os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, contra forças leais ao Governo, reconhecidas pela comunidade internacional e apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita.
O conflito já provocou dezenas de milhares de mortos, a maioria civis, de acordo com várias ONG, e cerca de 24 milhões de iemenitas, mais de dois terços da população, precisam de ajuda humanitária, segundo a ONU.
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