Unilever desculpa-se por conteúdo "racista" de campanha na África do Sul
O grupo Unilever pediu hoje desculpa por divulgar imagens numa campanha da sua marca de cabeleireiros "TRESemmé", que apresentava o cabelo dos negros como inferior, um conteúdo considerado racista que causou indignação no país.
© Reuters
Mundo África do Sul
"Estamos chocados por descobrir que demos imagens para o 'website' Clicks [a cadeia de perfumes] que mostrava o cabelo preto como inferior. É racista e pedimos desculpa sem reservas", disse hoje a multinacional na sua primeira declaração sobre a polémica.
A Unilever já tinha acordado retirar por dez dias todos os produtos TRESemmé na África do Sul, após uma reunião com o grupo de esquerda radical e o terceiro maior partido político do país, os Economic Freedom Fighters (EFF) que decorreu esta quinta-feira.
Os anúncios em questão descreviam o cabelo das mulheres negras como "frisado", "baço", e "danificado", enquanto o cabelo liso das mulheres brancas era considerado "normal".
"O EFF e a Unilever concordaram que o anúncio é ofensivo e racista", disse o grupo político de extrema-esquerda na sua declaração após a reunião com representantes do conglomerado britânico-holandês.
A multinacional disse hoje que começou imediatamente a investigar o que aconteceu e a rever outras campanhas publicitárias no país.
O acordo para a retirada temporária dos produtos da marca surgiu, contudo, após uma cascata de anúncios de quase todas as grandes cadeias de supermercados da África do Sul a dizerem que iriam retirar a marca TRESemmé das suas prateleiras.
A onda de protestos começou na segunda-feira e centrou-se nas lojas de perfumes Clicks, responsáveis pela divulgação da campanha racista da TRESemmé.
Os protestos tomaram as formas de manifestação em frente às lojas, piquetes e até ataques aos estabelecimentos com pilhagens e danos materiais.
A Clicks também tinha pedido desculpa e anunciado a demissão do executivo responsável pela área afetada e a suspensão dos responsáveis pela campanha, mas mesmo o governo sul-africano disse que estas medidas não eram suficientes e pediu que a comercialização da marca fosse interrompida.
Estes desenvolvimentos reacenderam o debate sobre os estereótipos racistas, por vezes promovidos por estratégias de marketing, e sobre as normas de beleza impostas às mulheres negras.
Esta é uma questão a que a sociedade sul-africana é particularmente sensível devido às feridas profundas causadas pela opressão passada do regime segragacionista do "apartheid" (1948-1990).
No início de 2018, surgiu uma controvérsia semelhante sobre um anúncio da cadeia sueca de vestuário H&M em que um rapaz negro usava uma camisola com o slogan "O macaco mais fixe da selva".
Os protestos levaram então a marca a fechar temporariamente as suas lojas na África do Sul.
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