Meteorologia

  • 24 ABRIL 2024
Tempo
14º
MIN 12º MÁX 24º

Unilever desculpa-se por conteúdo "racista" de campanha na África do Sul

O grupo Unilever pediu hoje desculpa por divulgar imagens numa campanha da sua marca de cabeleireiros "TRESemmé", que apresentava o cabelo dos negros como inferior, um conteúdo considerado racista que causou indignação no país.

Unilever desculpa-se por conteúdo "racista" de campanha na África do Sul
Notícias ao Minuto

18:28 - 11/09/20 por Lusa

Mundo África do Sul

"Estamos chocados por descobrir que demos imagens para o 'website' Clicks [a cadeia de perfumes] que mostrava o cabelo preto como inferior. É racista e pedimos desculpa sem reservas", disse hoje a multinacional na sua primeira declaração sobre a polémica.

A Unilever já tinha acordado retirar por dez dias todos os produtos TRESemmé na África do Sul, após uma reunião com o grupo de esquerda radical e o terceiro maior partido político do país, os Economic Freedom Fighters (EFF) que decorreu esta quinta-feira.

Os anúncios em questão descreviam o cabelo das mulheres negras como "frisado", "baço", e "danificado", enquanto o cabelo liso das mulheres brancas era considerado "normal".

"O EFF e a Unilever concordaram que o anúncio é ofensivo e racista", disse o grupo político de extrema-esquerda na sua declaração após a reunião com representantes do conglomerado britânico-holandês.

A multinacional disse hoje que começou imediatamente a investigar o que aconteceu e a rever outras campanhas publicitárias no país.

O acordo para a retirada temporária dos produtos da marca surgiu, contudo, após uma cascata de anúncios de quase todas as grandes cadeias de supermercados da África do Sul a dizerem que iriam retirar a marca TRESemmé das suas prateleiras.

A onda de protestos começou na segunda-feira e centrou-se nas lojas de perfumes Clicks, responsáveis pela divulgação da campanha racista da TRESemmé.

Os protestos tomaram as formas de manifestação em frente às lojas, piquetes e até ataques aos estabelecimentos com pilhagens e danos materiais.

A Clicks também tinha pedido desculpa e anunciado a demissão do executivo responsável pela área afetada e a suspensão dos responsáveis pela campanha, mas mesmo o governo sul-africano disse que estas medidas não eram suficientes e pediu que a comercialização da marca fosse interrompida.

Estes desenvolvimentos reacenderam o debate sobre os estereótipos racistas, por vezes promovidos por estratégias de marketing, e sobre as normas de beleza impostas às mulheres negras.

Esta é uma questão a que a sociedade sul-africana é particularmente sensível devido às feridas profundas causadas pela opressão passada do regime segragacionista do "apartheid" (1948-1990).

No início de 2018, surgiu uma controvérsia semelhante sobre um anúncio da cadeia sueca de vestuário H&M em que um rapaz negro usava uma camisola com o slogan "O macaco mais fixe da selva".

Os protestos levaram então a marca a fechar temporariamente as suas lojas na África do Sul.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório