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Cabo Verde identifica recorde de mais de 140 mil ninhos de tartarugas

Cabo Verde já identificou um recorde de mais de 140 mil ninhos de tartarugas marinhas este ano, disse hoje o ministro do Ambiente, salientando que a pandemia da covid-19 "influenciou um pouco" a captura ilegal desta espécie protegida. 

Cabo Verde identifica recorde de mais de 140 mil ninhos de tartarugas
Notícias ao Minuto

14:56 - 09/09/20 por Lusa

Mundo noticias de cabo verde

"São 140 mil ninhos já identificados", disse Gilberto Silva aos jornalistas, durante uma visita ao viveiro da associação Fauna e Flora de São Francisco, situado numa praia com o mesmo nome a 7 quilómetros a leste do centro da cidade da Praia, mas que recebe ainda ninhos transladados de outras praias da ilha de Santiago.

Além de São Francisco, o titular da pasta do Ambiente vai ainda hoje visitar outro viveiro na praia de Areia Grande, no concelho de Santa Cruz, também na ilha de Santiago, no âmbito da campanha de desova de tartarugas marinhas deste ano.

O governante disse que as visitas têm como objetivo sensibilizar a população cabo-verdiana para a causa da conservação das tartarugas marinhas.

"Já somos, mas poderemos ser ainda mais um paraíso da desova das tartarugas marinhas no mundo", mostrou Gilberto Silva, para quem isto tem uma importância não só do ponto de visita ecológico e da preservação da espécie, mas também da promoção do país. 

"As tartarugas têm muito mais valia como tal, do que como alimento para as pessoas", insistiu o ministro, apelando as pessoas para evitarem cometer o crime da caça e do consumo desta espécie.

E este ano são muitos as notícias a dar conta da captura ilegal de tartarugas marinhas em vários pontos do país, inclusive já com condenações, o que leva o ministro a acreditar que a pandemia da covid-19 "influenciou um pouco" esta prática criminosa.

"Nós acreditamos que a pandemia da covid-19 influenciou um pouco a caça ilegal. Com a redução da monitorização, acreditamos que alguém terá aproveitado para fazer a caça, daí também o nosso conselho a todas as camadas da população, no sentido de ajudarem a fazer a chamada fiscalização complementar", pediu o ministro. 

Para Gilberto Silva, não cabe apenas as organizações não governamentais e as instituições públicas assegurem a fiscalização, mas estimulou as pessoas a fazerem denúncias sobre tudo o que tange a caça, comercialização e consumo da carne, ovos e qualquer outra parte do animal. 

Algumas associações, como a Carreta-Carreta, de Santa Cruz, defendem punições mais duras para esta prática ilegal, mas o ministro tem opinião diferente, apontando a sensibilização e reforço da fiscalização como soluções, até passarem a ser culturais. 

Na cidade da Praia, por exemplo, o comandante da sessão da Polícia Marítima, Faustino Moreno, disse à agência Lusa que mais de 20 pessoas já foram autuadas e apresentadas ao Tribunal.

Cabo Verde introduziu legislação para proteger as tartarugas marinhas pela primeira vez em 1987, proibindo a sua captura em épocas de desova, mas desde 2018 está em vigor uma nova lei, que tipifica outros tipos de crime, nomeadamente o abate intencional, bem como a aquisição, a comercialização, o transporte ou desembarque, a exportação e o consumo.

Nas declarações à imprensa, o ministro afirmou que o Governo canaliza cerca de sete milhões de escudos anuais (63 mil euros) para apoiar 11 organizações não-governamentais que monitoram e preservam a espécie, desde a desova, eclosão e regresso ao mar das tartarugas marinhas.

"E temos que reforçar esta verba ao longo do tempo", perspetivou o ministro, incentivando mais organizações a se dedicarem à preservação das tartarugas e de outras espécies no arquipélago.

Em todo o arquipélago são monitorizadas cerca de 167 quilómetros de praias, sendo que 95% da desova das tartarugas acontece nas praias das ilhas rasas do Sal, da Boa Vista e do Maio, mas também em ilhéus, ainda segundo o ministro.

A população de tartarugas marinhas 'Caretta caretta' de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos) e em Omã (Golfo Pérsico).

O período de desova desta espécie começou a 01 de junho e vai pelo menos até novembro.

Em 2018, o país registou 109 mil ninhos de tartaruga, um número recorde na altura e quase três vezes maior do que o ano anterior.

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