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Líbano: Líder do Parlamento pede "mudança do sistema confessional"

O presidente do Parlamento libanês e líder do grupo xiita Amal, Nabih Berri, apelou hoje à "mudança do sistema confessional" que rege o cenário político no Líbano que, segundo defendeu, é a "fonte de todos os males".

Líbano: Líder do Parlamento pede "mudança do sistema confessional"
Notícias ao Minuto

18:58 - 31/08/20 por Lusa

Mundo Nabih Berri

Nabih Berri, que preside ao Parlamento libanês desde 1992, segue assim o tom das declarações proferidas no domingo pelo Presidente do Líbano, Michel Aoun, e pelo líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, que se pronunciaram favoravelmente a uma reforma profunda do sistema político, sugerida pelo chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, que é hoje aguardado na capital libanesa, Beirute.

No domingo, Michel Aoun, de 85 anos, que até à data se tinha mantido indiferente aos apelos reformistas, reconheceu num discurso por ocasião do centenário do Líbano, assinalado na terça-feira, a necessidade de mudar o sistema político, tendo mesmo apelado à proclamação de um "Estado laico".

Algumas horas antes, Hassan Nasrallah já tinha admitido estar disponível para discutir um novo "pacto político" no Líbano, onde as comunidades religiosas partilham o poder.

As declarações de Nabih Berri surgem poucas horas depois da nomeação de Mustapha Adib para o cargo de primeiro-ministro do país, após ter obtido o maior número de apoios nas consultas parlamentares conduzidas pelo Presidente Michel Aoun.

O até agora embaixador libanês na Alemanha (desde 2013) foi a escolha do Movimento Futuro, o partido sunita do ex-primeiro-ministro Saad al-Hariri, para suceder na liderança do Governo ao demissionário Hassan Diab.

De acordo com o sistema político do país, o nome do primeiro-ministro libanês deve sair da comunidade muçulmana sunita. Já a liderança do Parlamento é entregue a um muçulmano xiita e a Presidência a um cristão maronita.

O Governo do primeiro-ministro Hassan Diab demitiu-se a 10 de agosto, menos de uma semana depois da tragédia que abalou o Líbano em 04 de agosto, quando 2.750 toneladas de nitrato de amónio explodiram no porto de Beirute, causando mais de 180 mortos, quase 6.000 feridos e perto de 300.000 desalojados.

A tragédia aconteceu numa altura em que o Líbano vive a sua pior crise económica e financeira em décadas.

Os doadores internacionais disseram que não ajudarão o pequeno país, que também tem sido palco de um movimento de contestação popular, antes de serem feitas reformas.

Nas primeiras declarações que proferiu após a nomeação, Mustapha Adib comprometeu-se a formar "em tempo recorde" uma equipa ministerial composta por "especialistas" e pessoas "competentes", que serão responsáveis pela aplicação de "reformas" há muito esperadas pelos libaneses.

"A tarefa que aceitei baseia-se no facto de todas as forças políticas (...) estarem conscientes da necessidade de formar um Governo em tempo recorde e de começar a aplicar reformas, a começar por um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)", afirmou Mustapha Adib, num discurso transmitido pela televisão.

O Líbano iniciou, em maio, negociações com o FMI para obter um apoio financeiro externo na ordem dos 10 mil milhões de dólares (cerca de 9,2 mil milhões de euros), em troca de um programa de reformas. Mas as negociações encontram-se atualmente paralisadas.

Imediatamente após a nomeação, Mustapha Adib deslocou-se à zona da capital libanesa que ficou destruída com as explosões de 04 de agosto, onde declarou que "quer ter a confiança" da população.

"Agora é tempo de agir", afirmou o novo primeiro-ministro libanês.

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