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Legislativas em Montenegro são entre pró-Ocidente e pró-sérvios e russos

Montenegro realiza domingo eleições legislativas novamente num contexto de bipolarização política, com os principais partidos a definirem-se com orientações pró-Ocidente ou pró-Sérvia/Rússia para cristalizar a identidade nacional, estando em causa a eleição de 81 deputados para o Parlamento.

Legislativas em Montenegro são entre pró-Ocidente e pró-sérvios e russos
Notícias ao Minuto

09:11 - 28/08/20 por Lusa

Mundo Montenegro

No meio da pandemia do novo coronavírus -- Montenegro registou até hoje cerca de 4.500 casos e quase 90 mortes -, as assembleias de voto vão garantir medidas de segurança sanitária excecionais, apesar de o país estar a viver um aumento do número de infetados, embora ainda incipiente se comparado com outros países.

Politicamente, os montenegrinos queixam-se de uma corrupção endémica e de instituições frágeis e fracas, o que tem sido exaustivamente explorado pela imprensa e pelo eleitorado pró-sérvio.

Quarta-feira, o chefe de Estado montenegrino, Milo Djukanovic, eleito nas presidenciais de 15 de abril de 2018 como candidato apoiado pelos partidos dos Socialistas Democráticos (PSD) e Liberal (PL), bem como por outras pequenas forças partidárias, sublinhou que a votação é "crucial" para a preservação da independência na pequena nação dos Balcãs.

Desta forma, Djukanovic, pró-Ocidente, aludia às frequentes tentativas sérvias e russas para trazer os nacionalistas e os anti-ocidentais para o poder.

Na mesma ocasião, o Presidente montenegrino fez também uma crítica à "guerra política" que está a ser gerada pela imprensa contra o PSD durante a campanha eleitoral, com o objetivo de colocar Montenegro "sob a influência de Belgrado e de Moscovo" e, paralelamente, impedir que Montenegro adira à União Europeia (UE).

"O PSD não vai permitir [que prevaleçam no país] ideologias obscuras da Idade Média", afirmou Djukanovic, referindo-se a Igreja Ortodoxa Sérvia em Montenegro, que tem participado ativamente nas eleições legislativas com uma série de protestos contra o Governo.

O Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, tem negado as acusações de que a Sérvia, um aliado da Rússia, esteja a interferir nas eleições montenegrinas através da imprensa e da religião, situação agravada pelas recentemente aprovadas leis da Liberdade Religiosa e da Propriedade Religiosa, que retirou poderes à igreja ortodoxa.

As duas leis desencadearam meses de protestos antigovernamentais por parte da população de origem sérvia, que representa cerca de 30% dos habitantes montenegrinos, estimados em cerca de 620.000.

Os montenegrinos-sérvios defendem que as novas leis permitirão ao Estado apreender propriedades da Igreja Ortodoxa Sérvia, o que as autoridades de Podgoritza negam.

Nas eleições, o partido no poder enfrenta um grupo pró-sérvio e uma outra aliança da oposição que acusou Djukanovic e o Governo de ter disseminado a corrupção durante os 30 anos à frente dos destinos do país.

Sondagens locais sugerem que o PSD vai obter a maioria dos votos, mas não os necessários para governar sozinho.

Djukanovic liderou a independência do país diante da Sérvia, em junho de 2006, bem como levou o Estado a aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em junho de 2017, apesar da forte oposição da Rússia, que considera Montenegro como um tradicional aliado eslavo.

As legislativas de 2016 ficaram marcadas por uma frustrada tentativa de golpe de estado, supostamente orquestrada pela Sérvia, em colaboração com dois agentes dos serviços secretos militares russos.

Pelos menos uma dúzia de pessoas, na maioria sérvios, bem como os dois elementos russos, foram condenados a prisão após o fracasso da tentativa de golpe de estado, em que tanto a Sérvia como a Rússia rejeitaram terem estado envolvidos.

Também quarta-feira, a polícia montenegrina indicou dispor de informações relacionadas com "certos grupos" que estão a planear "ações de rua" no dia da votação, prologando-as por depois do encerramento das urnas, mas avisou que "qualquer comportamento desviante" terá de "lidar com as consequências".

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