Chefe da NATO pede à Rússia para não interferir na crise bielorrussa
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pediu hoje à Rússia para não interferir na crise política na Bielorrússia, país que tem sido palco de um movimento de contestação inédito desde as eleições presidenciais realizadas em 09 de agosto.
© Reuters
Mundo Bielorrússia
"Ninguém, incluindo a Rússia, deverá interferir", afirmou Stoltenberg, numa entrevista à edição 'online' do jornal alemão Bild.
"A Bielorrússia é um Estado soberano e independente", disse o secretário-geral da NATO, que chegou a Berlim na quarta-feira para se encontrar com altos responsáveis alemães e para assistir a uma reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia (UE).
Estas declarações de Stoltenberg surgem no mesmo dia em que o Presidente russo, Vladimir Putin, disse estar pronto para enviar polícia para a Bielorrússia, em resposta a um pedido do seu homólogo, Alexander Lukashenko, caso os protestos no país se tornem violentos.
Numa entrevista à televisão estatal russa, Putin indicou que Lukashenko lhe pediu para preparar um contingente policial russo para ser enviado para o país vizinho se necessário, mas que concordaram que "ainda não existe essa necessidade".
"E espero que não haja", disse ainda o chefe de Estado russo.
Na mesma entrevista, Putin disse que os dois chefes de Estado acordaram que a Rússia enviará um contingente para ajudar apenas se "a situação ficar descontrolada" e grupos extremistas tentarem ocupar instalações governamentais.
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, enfrenta há várias semanas protestos de uma dimensão inédita contra a sua reeleição para um sexto mandato no passado dia 09, que a oposição considera fraudulenta.
A Rússia tem um acordo com a Bielorrússia, prevendo estreitos laços políticos, económicos e militares, vendo também o vizinho como uma "muralha" contra a expansão ocidental e um importante canal para a exportação russa de energia.
Putin apelou a todos os atores da crise a "encontrar uma solução".
"Estamos convencidos de que todos os participantes neste processo terão bom senso suficiente, sem extremismo, para encontrar uma solução" para a crise, declarou Putin à estação Rossiya-24.
Lukashenko acusou hoje alguns vizinhos da Bielorrússia de uma clara interferência nos assuntos do país ao pressionarem pela realização de novas eleições, no que descreveu como uma "guerra híbrida" e uma "carnificina diplomática".
Acusou a Polónia de ter planos para ocupar a região fronteiriça bielorrussa de Grodno, indicando que tal levou ao reforço das tropas da Bielorrússia na fronteira.
A UE e os Estados Unidos criticaram a eleição de 09 de agosto e têm encorajado as autoridades bielorrussas a dialogarem com a oposição.
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