Saída da NATO pode ser "pilar do segundo mandato" de Trump
O editor da organização de jornalismo investigativo ProPublica considerou à Lusa que é possível que uma saída dos Estados Unidos da NATO se torne "potencialmente, um pilar do segundo mandato" do Presidente Donald Trump.
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Mundo ProPublica
Stephen Engelberg, cofundador e editor de uma organização que tem mais de 100 jornalistas a investigar abusos de poder ou de confiança, disse à agência Lusa que "suspeita" que Donald Trump leve os Estados Unidos a sair da NATO num eventual segundo mandato presidencial, "com o dinheiro a ficar cada vez mais apertado e com o género de uma calamidade económica nos Estados Unidos".
O jornalista explicou que, mesmo sem conhecimento interno da agenda do segundo mandato, já existe um padrão das coisas que o Presidente defende em política externa: "Trump disse, repetidas vezes, que não via o valor da NATO ou a razão de os EUA fazerem parte".
Stephen Engelberg considerou que "Trump queria que os países gastassem mais do seu orçamento anual para a NATO, e isso não tem acontecido. Assim, pode imaginar que isto seria, potencialmente, um pilar do segundo mandato".
"Isso é muito triste, porque despedaça mais de meio século de cooperação transatlântica que já foi muito próspera", comentou.
O editor classificou que a retirada dos EUA da organização de Defesa, que foi criada em 1949 depois da primeira Guerra mundial para proteger aliados de ataques do bloco soviético, "seria o sonho da Rússia".
Engelberg mencionou uma lista de objetivos que o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha declarado entre 2016 e 2024: "A América fora da NATO seria um dos primeiros pontos".
A ação pode ser "retratada como uma vontade popular" americana, referiu também o jornalista, que trabalhou para o jornal The New York Times durante quase 20 anos.
"Se olharmos para a convenção Republicana" que se iniciou na segunda-feira, já com a formalização do apoio do partido à reeleição de Donald Trump, os membros "não escolheram apoiar nenhuma política específica, mas apoiar o que Trump quer fazer", argumentou Stephen Engelberg.
Ainda assim, comentou: "não sei se esta ameaça é mais significativa do que já era há um ano".
Se a saída vir a acontecer, como também foi previsto pelo analista político Max Bergmann à Lusa, o editor da ProPublica disse acreditar que isso venha a enfraquecer "de modo expressivo" as capacidades da NATO mas que não signifique "necessariamente o fim da organização", já que os outros Estados-membros, como França (um dos 12 fundadores) e Alemanha "não são pequenos".
"Mas, certamente, reduziria as operações militares da NATO em comparação com a presença dos Estados Unidos, que fornecem quantidades e montantes significativos de recursos militares e informações dos serviços de Inteligência", considerou Stephen Engelberg.
Se Donald Trump tiver um segundo mandato na Casa Branca, o editor prevê que "os Estados Unidos se isolem, cada vez mais, atrás dos seus oceanos".
Na visão de Engelberg, já se começa a concretizar "o início do que parece um mundo novo e se Donald Trump tiver mais quatro anos na presidência, será certamente um mundo em que a América já não lidera e em que a Europa e a China se tornam os atores mundiais predominantes".
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