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Julgamento de ex-Presidente do Sudão voltou a ser adiado para setembro

O julgamento do ex-Presidente do Sudão Omar al-Bashir, pelo seu envolvimento no golpe de Estado que o conduziu ao poder, em 1989, voltou a ser adiado para 01 de setembro, disse hoje o presidente do tribunal.

Julgamento de ex-Presidente do Sudão voltou a ser adiado para setembro
Notícias ao Minuto

13:03 - 25/08/20 por Lusa

Mundo Sudão

A segunda audiência do julgamento do ex-Presidente sudanês Omar al-Bashir e de outros 27 acusados de tomarem o poder num golpe de Estado, em 1989, seria retomada hoje depois de ter sido suspensa em 10 de agosto, a pedido da defesa, e a primeira audiência durou apenas uma hora, porque a sala de audiências não pôde acomodar os 191 advogados de defesa.

"O julgamento foi adiado para terça-feira [01 de setembro] para que se analisem os pedidos feitos pelos advogados de defesa", afirmou o presidente do tribunal.

Os advogados solicitaram precisamente hoje o adiamento do julgamento, argumentando que o tribunal não era "adequado" para o distanciamento social necessário a que obriga a pandemia de covid-19.

Os 28 arguidos no processo devem responder pelo golpe de Estado que levou Al-Bashir ao poder em 1989, um julgamento inédito no mundo árabe.

Omar al-Bashir e vários dos arguidos enfrentam a possibilidade de pena de morte por derrubarem o Governo democraticamente eleito do primeiro-ministro Sadek al-Mahdi há 31 anos.

O tribunal de recurso tinha rejeitado o pedido dos advogados de defesa de libertação de três arguidos sob fiança. O julgamento foi suspenso enquanto se aguardava a decisão.

Os arguidos eram três líderes do Partido do Congresso Popular do islamista Hassan al-Turabi, que morreu em 2016. Este partido foi fundado em 1999 na sequência de divergências entre Tourabi e Al-Bashir.

Omar al-Bashir foi demitido em 2019, após meses de revolta popular.

O julgamento surge numa altura em que as autoridades de transição civil e militar no Sudão iniciaram uma série de reformas e relançaram conversações de paz com os grupos rebeldes do país.

"Os arguidos na prisão foram informados de que o julgamento será retomado na terça-feira", afirmou na segunda-feira Hashem al-Gali, advogado de Omar al-Bashir, citado pela agência France-Presse.

O Presidente deposto já se tinha apresentado em 21 de julho ao tribunal, mas o julgamento foi suspenso até 10 de agosto, logo após a abertura do processo.

Vestindo uma tradicional roupa branca e turbante, Omar al-Bashir foi então levado no meio de uma apertada segurança da prisão para o tribunal em Cartum, à porta do qual se concentraram dezenas de pessoas, na sua maioria apoiantes do antigo Presidente.

Os militares derrubaram Al-Bashir em abril de 2019, no meio de grandes protestos públicos contra o seu Governo. Meses após o derrube, os generais do Exército e um movimento pró-democracia por detrás dos protestos estabeleceram um Governo de transição.

Omar al-Bashir, 76 anos, tem estado preso em Cartum, enfrentando vários julgamentos separados relacionados com o seu governo e a revolta que o ajudou ao seu derrube.

É também procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) sob a acusação de crimes de guerra e genocídio ligados ao conflito no Darfur nos anos 2000.

As autoridades de transição do Sudão anunciaram, em fevereiro, que concordaram em entregar Omar al-Bashir ao TPI para enfrentar a justiça, como parte de um acordo com os rebeldes para entregar todos os que fossem procurados por ligação com o conflito do Darfur. Mas desde esse anúncio, não tem havido qualquer ação de seguimento sobre a sua extradição.

Num dos casos que enfrenta em Cartum, Omar al-Bashir foi condenado em dezembro passado por branqueamento de capitais e corrupção e condenado a dois anos de prisão preventiva mínima.

No julgamento em curso, os procuradores acusam Omar al-Bashir de conspiração no golpe de 1989 que depôs o Governo eleito do primeiro-ministro, al-Sadiq al-Mahdi, de acordo com a agência noticiosa estatal SUNA.

Omar al-Bashir está a ser julgado juntamente com mais de duas dúzias de altos funcionários do seu Governo, incluindo o antigo vice-presidente Ali Ossman Taha e o antigo ministro da Defesa Abdel-Rahim Muhammad Hussein, que também é procurado pelo TPI sobre o conflito do Darfur.

Durante a sua governação de três décadas, Omar al-Bashir manteve um controlo de ferro sobre o poder e reprimiu brutalmente qualquer oposição, enquanto monopolizava a economia através de empresários aliados.

Após anos de guerra, foi forçado a permitir a secessão do Sul do Sudão, um enorme golpe para a economia do Norte.

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