Lava Jato acusa executivos da Maersk e da Petrobras de corrupção

O Operação Lava Jato no Paraná, Brasil, acusou hoje dois executivos da empresa de logística dinamarquesa Maersk pelo alegado crime de corrupção ativa e um ex-gerente da petrolífera brasileira Petrobras, por suposta corrupção passiva e peculato.

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Lusa
21/08/2020 19:44 ‧ 21/08/2020 por Lusa

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Lava Jato

 

A acusação abrange ilícitos cometidos num alegado esquema de corrupção em contratos de afretamento de navios firmados entre a Petrobras e a Maersk, que resultaram em prejuízos de pelo menos 31,7 milhões de dólares (26,9 milhões de euros) à estatal petrolífera.

Os executivos acusados são Wanderley Saraiva Gandra e Viggo Andersen, representantes da Maersk no Brasil, e Eduardo Autran, que foi gerente-geral de Transportes Marítimos e gerente executivo de Logística da Petrobras.

As informações contra os executivos foram obtidas através da delação premiada (benefício legal concedido a um réu que aceite colaborar na investigação criminal) de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

"Entre 2006 e 2014, Andersen, como representante da Maersk no Brasil, ajustou comissões com a Maersk Internacional no valor de 2,50% do valor dos afretamentos pagos pela Petrobras, a fim de que metade desse valor fosse transferida para a empresa Gandra Brokerage, empresa de Wanderley Gandra criada para intermediar os contratos de afretamento para a Maersk", indicou o Ministério Público (MP) do Brasil em comunicado.

Segundo o MP, "Gandra, então, transferiu a título de suborno a metade (0,75%) para Costa".

Em contrapartida, de acordo com a acusação, Paulo Roberto Costa forneceu à Maersk informações privilegiadas sobre as necessidades da Petrobras no afretamento de navios de grande porte, além de praticar outros atos de modo a favorecer a contratação da dinamarquesa pela estatal.

"Esse arranjo resultou no efetivo pagamento de pelo menos quatro milhões de reais (610 mil euros) da parte de Andersen e Gandra, para Costa", acrescentou o MP, responsável pela operação Lava Jato.

Já Eduardo Autran atuou para o "recebimento de vantagens indevidas para Costa, seu superior, por meio da execução de ordens ilegais e tomadas de decisões administrativas deliberadamente prejudiciais à Petrobras, como apontado pela estatal numa apuração interna", sustenta a acusação, estimando que apenas as ações de Autran tenham causado prejuízos de 23 milhões de dólares (19,5 milhões de euros) à estatal.

Face ao esquema descoberto, o MP pede que sejam confiscados bens avaliados em cerca de oito milhões de reais (1,21 milhões de euros) correspondentes à comissão de 1,25% paga à Gandra Brokerage, assim como igual valor correspondente à comissão de 1,25% paga à Maersk Brasil.

Este organismo pede ainda reparação dos danos causados à Petrobras no valor mínimo 31,7 milhões de dólares, "correspondente aos valores pagos pela Petrobras em razão do afretamento de navios da Maersk e que foram utilizados para a transferência de comissões ilícitas e aos valores relativos ao peculato imputado a Autran".

Lançada em 2014, a operação Lava Jato trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, como a Petrobras, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levando à prisão de muitos deles, como o antigo Presidente brasileiro Luíz Inácio Lula da Silva, que está atualmente em liberdade condicional.

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