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Golpe de Estado no Mali segue pisadas de 2012

O golpe de Estado dos militares na terça-feira no Mali segue de perto os acontecimento de 2012, que lançaram o país no caos, mas do qual recuperou ao ponto de ser considerado um modelo de estabilidade na região.

Golpe de Estado no Mali segue pisadas de 2012
Notícias ao Minuto

13:30 - 19/08/20 por Lusa

Mundo Militares

O ataque de terça-feira é uma repetição dos acontecimentos que levaram ao golpe de 2012, que lançou o país no caos quando os extremistas islâmicos aproveitaram o vazio de poder para se apoderarem das cidades no norte, antes de uma operação militar liderada pela França ter expulsado os terroristas dessa região.

De acordo com a agência de notícias AP, a queda do Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, segue de perto os acontecimentos que levaram à queda do seu antecessor, Amadou Toumani Toure, que também foi forçado a demitir-se depois de uma série de derrotas militares, mas nessa altura os ataques foram feitos pelos rebeldes separatistas tuaregues, ao passo que agora foram os militares a expulsar Keita do poder.

"Os mediadores pediram a Keita para partilhar o poder num governo de unidade nacional, e ele até disse que estava aberto a convocar novas eleições legislativas, mas isso não foi suficiente para os líderes da oposição, que disseram que não descansariam até o afastar do poder", lê-se no artigo da AP.

Keita anunciou a sua saída num discurso transmitido pela televisão nacional, no qual apareceu de máscara devido à pandemia de covid-19 e explicou que se demitia para evitar um banho de sangue.

Eleito democraticamente em 2013 e reeleito cinco anos depois, Keita tinha, na verdade, poucas alternativas, depois de os soldados se terem armado na cidade de Kati e avançado para a capital, detendo o primeiro-ministro, Boubou Cisse, e o próprio Presidente.

Os acontecimentos de terça-feira surgem depois de vários meses de protestos e agitação social na sequência das eleições renhidas, e acontecem numa altura em que o Governo estava a ser criticado pela maneira como lidou com a insurgência dos últimos meses, que atirou para a instabilidade um país até então apresentado como um modelo de estabilidade na região.

Durante o último ano, os militares foram várias vezes vencidos por grupos islâmicos ligados ao Estado Islâmico e a grupos afiliados à al-Qaida, nomeadamente no norte do país, no ano passado, o que levou inclusivamente a uma reorganização das forças armadas para combater esta ameaça.

A notícia da detenção de Keita foi recebida com celebração na capital pelos protestantes contra o Governo, que começaram as manifestações logo em junho, exigindo a demissão do Presidente.

"Todos os malianos estão cansados, atingimos o limite", disse um manifestante citado pela AP, demonstrando a mudança sentida nas ruas face à esperança com que Keita foi recebido em 2013, quando venceu mais de duas dúzias de candidatos para ascender ao poder, com 77% dos votos.

O impasse político das últimas semanas manteve-se, mesmo com a intervenção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o que deixou antever uma nova intervenção militar que poderia conduzir a uma queda do Governo.

Portugal tem desde 01 de julho uma Força Nacional Destacada no Mali, no âmbito da Missão Multidimensional Integrada para a Estabilização do Mali (Minusma), das Nações Unidas, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295.

O objetivo da missão portuguesa é assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamako, onde estão alojados os militares portugueses.

O Mali é um país da África Ocidental, fazendo fronteira com a Argélia, a Norte, a Mauritânia, Senegal, Gâmbia e Guiné, a Oeste, Costa do Marfim e Burkina Faso, a Sul, e com o Níger, a Leste.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional, o Mali deverá ver o crescimento económico de 5,1% do ano passado abrandar para 1,5% este ano, mantendo-se, apesar dos efeitos da pandemia, em território positivo.

Com quase 20 milhões de habitantes, mais de 60% dos quais com menos de 25 anos, este país francófono é o oitavo em área no continente africano.

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