Venezuela: Igreja Católica insta oposição a participar nas eleições
A Conferência Episcopal da Venezuela (CEV) instou hoje os partidos políticos opositores do país a deixar de fazer apelos abstencionistas e para que, apesar das irregularidades, participem nas eleições legislativas previstas para 06 de dezembro.
© Reuters
Mundo Venezuela
"O momento atual exige a participação plena e livre de todos os partidos e movimentos políticos, juntamente com o compromisso ineludível de colocar de lado os interesses próprios para promover o bem comum e servir o povo venezuelano", refere um comunicado da CEV.
No documento, os bispos explicam que a Venezuela vive "um momento histórico e que a fé em Deus, os valores transcendentais e o amor pelo povo conduzem à paz e à convivência cidadã".
"Estão convocadas eleições parlamentares (...). Estamos cientes das irregularidades cometidas até agora, no processo de convocatória e preparação deste evento eleitoral", sublinham.
Entre as irregularidades, os prelados católicos apontam "a nomeação de dirigentes do Conselho Nacional Eleitoral, a confiscação de partidos políticos, a 'inabilitação' de candidatos, ameaças, perseguições e a detenção de líderes políticos, a mudança no número de deputados e de círculos eleitorais".
"Perante isso, um importante grupo de líderes e partidos políticos expressaram a vontade de não participar nas eleições. Isso não é suficiente, devem assumir a responsabilidade de procurar soluções e gerar propostas para o povo que durante anos tem acreditado neles, porque a mera abstenção aumentará a fratura político-social no país e a desesperança quanto ao futuro", consideram
Para os bispos, a não participação de alguns partidos "priva os venezuelanos de um instrumento válido para defender os seus direitos".
"A não participação e o apelo para a abstenção levam à imobilização, a abandonar a ação política e a renunciar a mostrar a força própria. Algo semelhante aconteceu em dezembro de 2005 (eleições legislativas) e não teve nenhum resultado positivo", afirmam.
Para a CEV, "apesar das irregularidades, a participação em massa da população é necessária e poderá vencer as tentativas totalitárias".
O comunicado acrescenta que "é imoral" obstaculizar uma solução política e social para a crise, pedindo que "Deus e a Virgem do Coromoto (padroeira da Venezuela) concedam discernimento aos líderes sociais e políticos perante os graves reptos que a pátria hoje enfrenta".
O Conselho Nacional Eleitoral iniciou na segunda-feira o período de apresentação das candidaturas, que vai decorrer até 19 de agosto, podendo candidatar-se 107 organizações políticas, 30 delas de caráter nacional.
Segundo o registo preliminar eleitoral, estão recenseados 20.733.941 dos 32 milhões de venezuelanos.
No entanto, 27 organizações, entre elas os quatro maiores partidos da oposição (Ação Democrática, Primeiro Justiça, Vontade Popular e Um Novo Tempo), já anunciaram que não vão participar nas legislativas que antecipam ser "uma fraude".
O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela suspendeu as direções do Primeiro Justiça e da Ação Democrática em 16 de junho e a liderança da Vontade Popular em 07 de julho, tendo nomeado juntas provisórias de direção, e ordenou a reestruturação dos três partidos e a suspensão da expulsão de militantes.
A oposição diz tratar-se de uma manobra de preparação "para uma nova farsa eleitoral", em que o regime, liderado pelo chefe de Estado Nicolás Maduro decidirá quem preside aos partidos.
A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.
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