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ONG denunciam "perseguição judicial contínua" contra jornalista Omar Radi

A detenção no final de julho de Omar Radi, jornalista marroquino e militante dos direitos humanos, por um caso de violação e acusações de espionagem, inscreve-se num "contexto de perseguição judicial", denunciaram hoje duas ONG internacionais.

ONG denunciam "perseguição judicial contínua" contra jornalista Omar Radi
Notícias ao Minuto

15:37 - 10/08/20 por Lusa

Mundo Omar Radi

Em comunicado comum, as organizações não-governamentais (ONG) Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH) e Organização Mundial de Luta Contra a Tortura (OMCT), "inquietam-se com esta nova detenção que se inscreve num contesto de perseguição judicial contínua e prolongada contra Radi por parte das autoridades marroquinas".

"Omar Radi foi alvo de quatro processos judicias desde dezembro de 2019", recordaram as suas organizações.

Este jornalista francófono de 34 anos que se afirma "vítima de um golpe montado" está detido desde o final de julho na prisão de Casablanca (oeste), onde aguarda um julgamento previsto para 22 de setembro por "violação" e "receção de fundos estrangeiros com o objetivo de atentar contra a segurança interna do Estado".

O inquérito por violação foi aberto após uma queixa relacionada com factos que remontam a meados de julho.

"A temporalidade da queixa por violação contra o jornalista não deixa de colocar interrogações. O contexto marroquino, em que diversas vozes críticas já sofreram intimidações que atentaram contra a sua vida privada, convida igualmente à prudência quanto às alegações emitidas contra Omar Radi", sublinharam as duas ONG.

"Desde há meses que o poder marroquino se obstina em relação a Omar Radi para tentar amordaçá-lo. Caso ele indique que a acusação de violação que lhe foi atribuída constitui um golpe montado por parte das autoridades, isso seria extremamente grave", insistiu Gerald Staberock, secretário-geral da OMCT.

O inquérito relacionado com as acusações de espionagem foi iniciado no final de junho um dia após a publicação de um relatório da Amnistia Internacional (AI) em que se referia que o telefone de Omar Radi estava sob escuta através de um sofisticado programa de pirataria utilizado pelas autoridades marroquinas. Rabat tem desmentido estas acusações.

O jornalista foi de seguida interrogado uma dezena de vezes pela polícia judiciária.

"Nunca estive nem nunca estarei ao serviço de um poder estrangeiro (...) não sou nem um espião nem um agente pago por um fundo estrangeiro", reagiu Radi, ao qualificar de "ridículas" as acusações que lhe foram dirigidas.

Em março, já tinha sido condenado a quatro meses de prisão por criticar um juiz na rede social Twitter. Segundo a AI, este "jornalista corajoso" está a ser perseguido pelas autoridades marroquinas devido à sua independência.

Por duas vezes a AI já tinha documentado atos de espionagem dirigidos a opositores, em 2012 contra o grupo "Mamfakinch" (Não cedemos), e em 2019 contra o advogado especializado na defesa de ativistas da região do Rif, Abdesadeq Buchtaui, que segundo a organização acabou finalmente por obter asilo político em França.

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