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Protestos na Bolívia depois de nova tentativa de diálogo falhada

A Bolívia cumpriu hoje sete dias de bloqueios de estradas contra o novo adiamento das eleições gerais, devido à pandemia de covid-19, depois de duas tentativas de diálogo fracassadas.

Protestos na Bolívia depois de nova tentativa de diálogo falhada
Notícias ao Minuto

23:38 - 09/08/20 por Lusa

Mundo Bolívia

O diálogo convocado pela Presidente transitória, Jeanine Áñez, terminou depois de três horas e meia e sem grandes resultados devido à ausência dos dirigentes sindicais que promovem os protestos.

Nem os que são os principais candidatos eleitorais tal como Áñez, como o ex-presidente Carlos Mesa ou o ex-ministro Luis Arce, do Movimento para o Socialismo (MAS) do ex-presidente Evo Morales, partido que o Executivo transitório responsabiliza pelas atuais mobilizações.

O presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (STE) esteve presente, depois de na véspera ter conduzido outra reunião com os representantes do parlamento, que fracassou por insistência dos manifestantes para que as eleições se realizem a 06 de setembro, como estava previsto, e não a 18 de outubro, nova data definida pelo organismo eleitoral.

"A proposta foi clara e concreta: eleições a 06 de setembro. Qualquer outra coisa que aconteça vai ser da inteira responsabilidade do Tribunal Eleitoral e da Assembleia Legislativa", avisou o mineiro Juan Carlos Huarachi, o máximo representante da Central Obreira Boliviana (COB).

Essa entidade e o chamado Pacto de Unidade, que agrupa sindicatos de camponeses e indígenas afetos ao MAS, são os promotores dos bloqueios, que por sua vez são responsabilizados por dificultar o fornecimento de medicamentes aos hospitais.

O presidente do órgão eleitoral destacou no encontro deste domingo que ficou acertado com o poder legislativo elaborar em consenso uma lei para fixar 18 de outubro como a nova data das eleições, já que por agora emana de uma mera resolução do Tribunal Eleitoral, e insistiu na continuação do diálogo.

Por sua vez, Áñez disse que o adiamento "não foi um capricho de ninguém" e sim "uma necessidade" devido à pandemia.

A Presidente interina reiterou que não tem intenção de prolongar o mandato, garantindo que respeita a nova data, e que o seu Governo vai dar as condições para que as eleições decorram nesse dia.

A sua candidatura foi questionada por representantes políticos presentes no diálogo, que também criticaram os bloqueios e manifestaram um apoio maioritário para que as eleições se realizem em outubro.

A única conclusão foi a da criação de uma comissão que procure dialogar com os setores em conflito, depois do encontro que contou também com a presença de representantes das Nações Unidas, União Europeia e Igreja Católica, entre outros.

O ministro interino da Presidência, Yerko Nuñez, considerou que os diálogos sem resultados "mostram que o propósito das mobilizações era outro e não o de definir a data das eleições".

Nuñez reiterou que, pelo menos 30 pessoas, morreram por falta de oxigénio e advertiu que a "a vida de outros 300 bolivianos" está em perigo se não houver solução nas próximas horas.

As autoridades nacionais reportaram que há pouco mais de uma centena de pontos de bloqueio, com tensões e denuncias de agressões mútuas entre os protestantes e os grupos civis que tentam levantar os bloqueios de estrada, especialmente em regiões como Cochabamba e Santa Cruz.

Durante a tarde, houve tensões em partes de Cochabamba, enquanto a polícia teve de intervir na localidade de Santa Cruz de Samaipata, no sábado, para impedir um confronto entre moradores e manifestantes, que resultou na detenção de 49 pessoas.

A Procuradoria-Geral exortou para que se continue o diálogo e pediu para que se evite a violência de forma a "não tornar ilegítimo o direito ao protesto pacífico".

Os manifestantes garantem que estão a permitir a passagem de camiões com oxigénio e recursos médicos, diante das denúncias das autoridades.

As eleições já tinham sido adiadas de maio para setembro, devido à emergência sanitária provocada pelo coronavírus no país, que acumula 3.687 óbitos e 89.055 contágios de covid-19, segundo dados oficiais.

As eleições gerais estão pendentes desde o cancelamento do escrutínio de outubro de 2019 diante das denúncias de fraude, ainda sob investigação judicial, a favor do então presidente Evo Morales, que tinha sido declarado vencedor, mas declarou a sua renúncia, denunciando que foi pressionado por um suposto golpe de Estado.

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