Partido de Evo Morales admite acordo sobre data para eleições na Bolívia
O Movimento para o Socialismo (MAS), partido do ex-presidente boliviano Evo Morales, colocou no sábado condições para aceitar uma nova data das eleições gerais, cujo adiamento de setembro para outubro, justificado pela covid-19, motivou protestos no país.
© Reuters
Mundo Bolívia
Numa declaração aos media em La Paz, o candidato presidencial do MAS e ex-ministro da Economia, Luis Acre, admitiu que não poderá ser cumprida a data de 06 de setembro para as eleições presidenciais e legislativas, que atribuiu a uma "atitude dilatória" do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).
"Deve decorrer um diálogo para resolver a questão da data e nós acompanharemos qualquer que seja a decisão proveniente desse mecanismo", disse Acre, que estava acompanhado pelo candidato à vice-presidência, David Choquehuanca, o ex-chefe da diplomacia.
Para Acre, a nova data deve ter "três condições": uma lei que a aprove, que seja "fixa e inamovível" e que o diálogo tenha o "aval" e a "garantia" da comunidade internacional.
O candidato presidencial do MAS justificou as mobilizações contra o novo adiamento das eleições pelo "clima negativo" que, na sua perspetiva, geraram no país as medidas para enfrentar a pandemia da covid-19 impostas pelo governo transitório de Jeanine Áñez.
As declarações de Acre ocorreram um dia após Áñez ter convocado setores políticos e sindicais para um diálogo nacional que decorre hoje e relacionado com a data das eleições, com o objetivo de interromper os amplos protestos no país, que incluem bloqueio de estradas em diversas regiões do país andino.
Os bloqueios de estradas decorrem desde a passada segunda-feira contra o adiamento das eleições de 06 de setembro para 18 de outubro, e foram convocados por organizações como a Central Operária Boliviana (COB), e o designado Pacto de Unidade que agrupa sindicatos indígenas e camponeses solidários com Evo Morales.
As eleições foram adiadas de maio para setembro devido à declaração do estado de emergência no país de 11,5 milhões de habitantes, que regista 3.524 mortes e 87.891 casos de covid-19.
Evo Morales, que permanece líder do MAS (esquerda e a principal força no parlamento) apesar do seu atual exílio na Argentina na qualidade de "refugiado político", acusou o governo transitório de pretender ganhar tempo para "continuar a perseguir os dirigentes dos movimentos sociais e os candidatos do MAS".
O MAS e a COB consideram que o adiamento da votação se destina a comprometer as hipóteses de Luis Acre. Este dirigente está lado a lado nas sondagens com o antigo presidente Carlos Mesa, candidato do centro-direita à chefia do Estado.
A Bolívia deve eleger um presidente, vice-presidente, deputados e senadores, em eleições adiadas desde a anulação do escrutínio de outubro de 2019 entre acusações de fraude, ainda sob investigação judicial, a favor de Evo Morales.
O ex-chefe de Estado foi declarado vencedor nas presidenciais, mas anunciou a sua renúncia ao referir que estava a ser pressionado por um golpe de Estado para abdicar do seu triunfo e abandonar o poder.
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