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Bielorrússia. Candidata da oposição saúda "despertar" dos cidadãos

Svetlana Tikhanovskaia, até há pouco a improvável rival do chefe de Estado Alexander Lukashenko às presidenciais bielorrussas, saudou hoje o "despertar" dos seus cidadãos, mobilizados de forma inesperada para a sua candidatura, mas admitiu um escrutínio fraudulento.

Bielorrússia. Candidata da oposição saúda "despertar" dos cidadãos
Notícias ao Minuto

18:30 - 07/08/20 por Lusa

Mundo Presidenciais

Praticamente desconhecida há apenas alguns meses, esta professora de inglês, de 37 anos, que desistiu da carreira para acompanhar o seu filho mais velho deficiente, conseguiu uma mobilização inédita na Bielorrússia onde desde a independência em 1991 nunca surgiu uma oposição sólida, e apelou aos apoiantes a não recearem votar no domingo para se oporem a um regime que se prolonga há 26 anos.

"As pessoas acordaram, redescobriram a autoestima (...) 'por que motivo a minha voz é deitada para o lixo? Porque não me escutam? Porque não posso dizer nada pelo facto de ser detida logo de seguida?'", declarou em entrevista à agência noticiosa AFP em Minsk, a dois dias das eleições.

No entanto, admitiu estar "sem esperanças" numa eleição presidencial justa no próximo domingo ao considerar que já decorrem "fraudes escandalosas", e quando as equipas de observadores independentes não foram convidadas para acompanhar a eleição.

"Não poderemos impedir as fraudes" que já são "escandalosas" desde o início do voto antecipado na terça-feira, revelou, acrescentando: "É preciso ser realista".

Apesar da sua capacidade em mobilizar multidões nunca registadas na história recente do país, disse não pretender apelar a manifestações de protesto, que seriam severamente reprimidas pelo poder.

"Os do topo não sabem o que é uma manifestação pacífica. Tudo farão para que se transforme num banho de sangue", acusou, admitindo que "todos os dias" tem medo da repressão.

"Cada bielorrusso deve optar por si próprio" em sair ou não à rua, acrescentou, admitindo que "muitos ainda não despertaram" nesta ex-república soviética situada entre a Rússia e a União Europeia.

Tikhanovskaia desmentiu ainda receber ajuda ou dinheiro da Rússia, uma acusação recorrente do Presidente Alexander Lukashenko, de 65 anos, e após as autoridades terem anunciado na semana passada a detenção de 33 mercenários de um grupo próximo do Kremlin que pretenderia organizar "um massacre" com a cumplicidade de opositores.

Para a noite de hoje em Minsk estava prevista uma nova ação de apoio à oposição, indicou a AFP.

Três dos principais rivais de Lukashenko foram afastados por via judicial ou administrativa do escrutínio de domingo, e dois deles estão na prisão.

Estas drásticas decisões originaram uma inédita mobilização da oposição no país, com numerosas ações de protesto e centenas de detidos, em particular na capital Minsk, mas que também ocorreram em outras grandes cidades, incluindo Gomel, Vitebsk y Moguiliov.

Com o afastamento compulsivo destes três potenciais candidatos, Svetlana Tijanovskaya, a mulher de Serguei Tikhanovski, surgiu como a alternativa mais credível contra o atual chefe de Estado, que concorre a um sexto mandato consecutivo.

Svetlana Tijanovskaya aliou-se a duas outras mulheres, Veronika Tsepkalo, casada com o opositor no exílio, e a Maria Kolesnikova, diretora de campanha de Viktor Babaryko.

Em 30 de julho, dezenas de milhares de pessoas participaram em Minsk numa concentração de apoio à principal candidata da oposição e num raro desafio à liderança autocrática do líder de Minsk.

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