Novo estado de emergência é para salvar vidas, diz Frelimo. Renamo duvida
A Frelimo, partido no poder em Moçambique, considerou hoje necessário para a defesa da vida o novo estado de emergência, face a covid-19, enquanto a Renamo, principal partido da oposição, qualificou a medida como "inconstitucional".
© Lusa
Mundo Covid-19
O parlamento moçambicano ratificou hoje a declaração do estado de emergência, o segundo este ano, que vai vigorar entre o dia 08 de agosto e 06 de setembro, visando travar a rápida propagação do novo coronavírus.
Falando em nome da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), a deputada Telmina Pereira, disse que o partido votou a favor de mais um estado de emergência para que o país tenha meios de impedir a propagação da covid-19.
"Somos pela defesa da vida e do nosso Sistema Nacional de Saúde (SNS) e fizemo-lo imbuídos de um espírito de responsabilidade", declarou Telmina Pereira.
Um novo estado de emergência, prosseguiu, é essencial para retardar o pico da covid-19 e manter o país como um exemplo na contenção da disseminação da doença.
Por seu turno, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) classificou de "inconstitucional" o estado de emergência hoje decretado, porque o país teve uma medida idêntica e três prorrogações, entre 01 de abril e 29 de julho.
"É nosso entendimento que findo o período estabelecimento pela Constituição da República para o estado de emergência não existe outro período adicional para além do previsto", declarou Leopoldo Ernesto, que leu a fundamentação da bancada da Renamo do voto contra.
Leopoldo Ernesto acusou o Governo da Frelimo de pretender "uma segunda volta do estado de emergência" para cercear os direitos e liberdades dos cidadãos e gerar uma situação de incerteza jurídica na sociedade moçambicana.
Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, destacou que votou a favor de mais um estado de emergência, porque entende que prevalecem os pressupostos que nortearam a declaração do primeiro, mas pediu ao chefe de Estado, Filipe Nyusi, para solicitar ao Conselho Constitucional a verificação da constitucionalidade da medida.
"O Governo foi distraído ou negligente ao não ter enviado à Assembleia da República a proposta de lei de gestão e redução do risco de desastres para evitar um novo estado de emergência de constitucionalidade duvidosa", afirmou Fernando Bismarque, deputado do MDM.
A declaração do estado de emergência foi ratificada com 177 votos a favor das bancadas da Frelimo e MDM.
A Renamo votou contra o documento, com 54 votos.
A votação de hoje na AR foi a primeira em que a Renamo se opôs ao estado de emergência, uma vez que votou a favor do primeiro e das três prorrogações.
Na comunicação à nação sobre o novo estado de emergência, o chefe de Estado disse na quarta-feira que a medida constitui a melhor opção no atual contexto caraterizado pela contínua propagação da covid-19.
"Consideramos que esta opção é aquela que melhor serve os interesses do nosso povo e só assim poderemos assegurar o necessário equilíbrio entre as medidas restritivas e o relançamento gradual da atividade económica", disse Filipe Nyusi.
A decisão mantém as restrições adotadas quando Filipe Nyusi decretou pela primeira vez, em 01 de abril, o estado de emergência devido à pandemia.
Entre outras restrições, o novo estado de emergência mantém limitações quanto a ajuntamentos, interdição de eventos e espaços de diversão, e obrigatoriedade de uso de máscara
Apesar de manter as restrições, Filipe Nyusi anunciou a retoma faseada das atividades económicas, dividida em três fases, que serão "adotadas de forma gradual e cautelosa" a partir de 18 de agosto.
Moçambique conta com 2.120 casos positivos do novo coronavírus e 15 óbitos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 715 mil mortos e infetou mais de 19,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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