Modi lança construção de polémico templo hindu sobre ruínas de mesquita
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, colocou hoje a primeira pedra do controverso templo ao deus hindu Ram, em Ayodhya, que será construído sobre as ruínas da antiga mesquita do século XVI destruída em 1992 por fanáticos hindus.
© Reuters
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"Tal como na nossa luta pela independência, este dia representa os muitos anos de luta por este templo a Ram e aos sacrifícios e esforços realizados por esta causa", disse Modi durante o discurso que marcou a cerimónia do início das obras.
"Todos os corações estão iluminados. Este é um momento de emoção para todo o país porque a longa espera termina hoje. Um grande templo vai ser construído para o nosso grande Ram, que tem estado a viver debaixo de uma tenda há muitos anos", disse o primeiro-ministro da República da Índia referindo-se à imagem da divindade hindu colocada no local.
O primeiro-ministro foi a principal figura política do lançamento da construção do polémico templo, colocando pessoalmente uma placa de 40 quilogramas e plantando um "pariyata", uma árvore considerada divina pelos hindus, no recinto do novo templo.
A cerimónia, transmitida pela televisão nacional DD News, foi um gesto político-religioso significativo, num local emblemático das tensões intercomunitárias e que marca um novo avanço do nacionalismo hindu neste país de 1,3 mil milhões de habitantes.
Durante o mesmo discurso, Modi também se referiu às "oportunidades" económicas que o templo vai gerar na pequena cidade de Ayodhya, norte do país, porque, afirmou, "muita gente virá de todas as partes para ver Ram".
A cerimónia fica também marcada pelas fortes medidas de segurança, que envolveram cerca de quatro mil polícias destacados no perímetro do templo assim como pelas medidas de distanciamento sanitário contra a propagação da pandemia de SARS CoV-2.
Além das personalidades políticas e religiosas não foram permitidas concentrações de fiéis ou curiosos.
A construção do templo foi autorizada em novembro do ano passado por uma decisão do Tribunal Supremo da República da Índia que pôs termo a um contencioso pela titularidade do local entre as comunidades hindu e muçulmana e que se prolongou durante várias décadas.
Para os hindus trata-se do local onde nasceu o deus Ram.
No mesmo local existiu a mesquita de Babri, construída no século XVI pelo imperador mongol Babar e que foi destruída em 1992 por uma turba de fanáticos hindus durante uma campanha liderada pelo partido Bharatiya Janata, atualmente no poder na Índia.
A destruição da mesquita provocou graves confrontos entre as duas comunidades, tendo provocado a morte a pelo menos duas mil pessoas.
O Tribunal Supremo obrigou o Estado de Uttar Pradesh, onde se situa a cidade de Ayodhya, a ceder um terreno alternativo na mesma localidade para que os muçulmanos possam construir uma nova mesquita.
O dia escolhido pelo primeiro-ministro indiano para a cerimónia coincide com o primeiro ano sobre a decisão do governo em acabar com a autonomia de Caxemira, o único estado indiano de maioria muçulmana.
Para evitar manifestações na região, atualmente dividida em dois territórios controlados diretamente por Nova Deli, o governo decretou na terça-feira o recolher obrigatório que vai prolongar-se durante 24 horas e aumentou a presença policial e militar.
Entretanto, Modi foi fortemente criticado pela oposição e grupos da sociedade civil que acusam Modi de estar a implementar políticas contra a comunidade muçulmana que representa 14% dos 1.300 milhões de habitantes da Índia.
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