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MNE do Brasil responde a crítica de ministro argentino contra Bolsonaro

A diplomacia brasileira classificou como "um condenável desejo de gerar polémica com um país amigo" as comparações do ministro da Saúde argentino que estimou a quantidade de mortos na Argentina se o país tivesse adotado a "doutrina Bolsonaro".

MNE do Brasil responde a crítica de ministro argentino contra Bolsonaro
Notícias ao Minuto

17:15 - 04/08/20 por Lusa

Mundo Coronavírus

Ao defender-se das críticas sobre as fortes restrições usadas para combater a pandemia, o ministro da Saúde da província de Buenos Aires, Daniel Gollán, justificou a estratégia dando como exemplo o oposto, a que chamou de "doutrina Trump ou Bolsonaro".

"Se seguíssemos a doutrina Trump ou Bolsonaro, hoje teríamos entre 25 e 30 mil mortos", calculou o ministro, criticado internamente por promover o medo como estratégia para convencer a população do endurecimento das medidas restritivas.

O número de 30 mil é também uma cifra carregada de simbologia na Argentina. Organizações de direitos humanos sustentam que a ditadura militar argentina, uma das mais sanguinárias da região, provocou 30 mil mortos entre 1976 e 1983. E Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que defende o regime militar, tem sido classificado pela oposição como "genocida".

Após estas declarações, o Itamaraty, sede da diplomacia brasileira, emitiu uma nota na qual considera que "as declarações do ministro da Saúde de Buenos Aires revelam um desconhecimento da realidade brasileira e um possível e condenável desejo de gerar polémica com um país amigo da Argentina".

"A Constituição do Brasil, como foi confirmado pelo Supremo Tribunal Federal, atribui a cada estado brasileiro a responsabilidade pela política de quarentena", explica a nota, para concluir que "considerando a resposta descentralizada à pandemia aplicada pelo Brasil, não tem sentido falar de 'doutrina Bolsonaro'".

A diplomacia brasileira também criticou a estimativa ao indicar que "é inadequado comparar a situação de uma província argentina com um país com dimensões continentais como o Brasil" e aponta que "a província de Buenos Aires tem uma população menor do que a região metropolitana da cidade de São Paulo, [17 milhões e 20 milhões, respetivamente]".

"Caberia, então, comparar elementos semelhantes. Por exemplo, o Rio Grande do Sul, estado brasileiro mais próximo da Argentina em todos os sentidos (geográfico, demográfico e sociocultural) que, com 12 milhões de habitantes, tem pouco mais de metade de casos de covid-19 registados na província de Buenos Aires (71 mil casos versus 123 mil) e menos mortos (1.974 falecidos no Rio Grande do Sul contra 2.074 na província de Buenos Aires)".

Em nome do Governo brasileiro, a Embaixada do Brasil em Buenos Aires pede às autoridades argentinas que "se abstenham de comparações que nada contribuem e que apontam a gerar conflito entre os países" e coloca-se "à disposição das autoridades argentinas para lhes fornecer informação fidedigna sobre o Brasil".

O próprio Presidente argentino, Alberto Fernández, já fez este tipo de comparações, que já valeu uma resposta do embaixador brasileiro no país, Sérgio Danese, mas sobretudo com países com os quais mantém uma oposição ideológica, como Brasil e Chile.

Com 210 milhões de habitantes, o Brasil tem 2,75 milhões de infetados com a covid-19 e 94.665 mortos. A Argentina, com 45 milhões de habitantes, tem 206 mil casos e 3.813 mortes.

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