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Caxemira: Recolher obrigatório no aniversário da revogação da autonomia

As autoridades indianas impuseram hoje o recolher obrigatório na parte que controlam de Caxemira, um dia antes do primeiro aniversário da controversa decisão da Índia da revogação da autonomia da região disputada.

Caxemira: Recolher obrigatório no aniversário da revogação da autonomia
Notícias ao Minuto

15:29 - 04/08/20 por Lusa

Mundo Caxemira indiana

Shahid Iqbal Choudhary, da administração civil, disse que a medida é imposta na principal cidade da região, Srinagar, devido a informações sobre protestos planeados por grupos anti-Índia para assinalar o dia 5 de agosto como um "dia negro".

Desde as primeiras horas da manhã, veículos policiais com megafones percorrem as ruas de Srinagar ordenando aos residentes que permaneçam em casa.

A região já vivia sob algumas restrições no âmbito das medidas para conter a propagação do novo coronavírus, com a maioria das atividades económicas limitadas, apesar de o país se encontrar na terceira fase do desconfinamento.

Milhares de polícias e militares com espingardas de assalto e equipamento antimotim foram destacados por todo o território para evitar manifestações e as forças de segurança apenas permitem que saia de casa quem tem um passe especial emitido pelo Governo.

Além disso, foram levantadas barricadas de aço e estendido arame farpado em estradas, pontes e cruzamentos da região dos Himalaias para impedir o movimento de pessoas.

O recolher obrigatório será cumprido hoje e na quarta-feira, indicou Choudhary numa ordem governamental.

Dezenas de jovens foram detidos nos últimos dias, antecipando a organização de protestos contra a Índia na região, disse um polícia que não quis ser identificado.

"Foram recebidas indicações sugerindo que grupos separatistas e patrocinados pelo Paquistão estão a planear assinalar o 05 de agosto como um Dia Negro e não são excluídos ações ou protestos violentos", indicou.

A 05 de agosto de 2019, o executivo nacionalista hindu da Índia, liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, revogou o estatuto especial garantido pela Constituição do estado de Jammu-Caxemira e dividiu-o em dois territórios geridos pelo governo federal.

Desde então, Nova Deli aprovou uma série de novas leis que os habitantes dizem pretenderem mudar os dados demográficos na região de maioria muçulmana, muitos dos quais querem a independência da Índia ou a unificação com o Paquistão.

Nova Deli e Islamabad, potências nucleares, já travaram duas guerras pelo controlo de Caxemira, resultando o conflito da partição do Império Britânico da Índia que deu origem a 15 de agosto de 1947 a dois Estados: a Índia maioritariamente hindu e o Paquistão muçulmano.

Inicialmente, o movimento anti-Índia na parte de Caxemira controlada por Nova Deli era pacífico, mas após uma série de erros políticos, promessas quebradas e uma repressão aos dissidentes, os caxemires lançaram uma revolta armada em 1989.

Após a decisão de 05 de agosto de 2019, as autoridades indianas bloquearam as comunicações na região, aplicaram fortes medidas restritivas e detiveram milhares de pessoas.

À atenuação de algumas das restrições sucedeu-se outro bloqueio devido à pandemia de covid-19, aprofundando a crise social e económica na região.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pediu hoje à Índia para reverter as suas "políticas abusivas" na região, declarando-se consternada com a "repressão aos muçulmanos de Caxemira".

Meenakshi Ganguly, diretora da HRW para o Sul da Ásia, disse que, apesar das afirmações do governo indiano de que "estava determinado em melhorar as vidas dos caxemires" e um ano após a revogação do estatuto constitucional de Jammu-Caxemira, "as autoridades (...) mantiveram restrições sufocantes (...), violando os seus direitos básicos".

As autoridades indianas devem "tomar medidas imediatas para proteger os direitos, libertando presos políticos; defender o direito à liberdade de expressão, inclusive abandonando casos contra jornalistas e ativistas; restaurar o acesso completo à Internet e responsabilizar responsáveis" por abusos, indicou a organização num comunicado.

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