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Militares guardam as ruas vazias do Zimbabué impedindo protestos

As ruas das cidades e vilas do Zimbabué estão hoje vazias, enquanto centenas de militares, juntamente com a polícia, impedem um protesto antigovernamental e obrigam a um confinamento por causa da covid-19.

Militares guardam as ruas vazias do Zimbabué impedindo protestos
Notícias ao Minuto

11:34 - 31/07/20 por Lusa

Mundo Zimbabué

Os organizadores dos protestos disseram que os manifestantes pretendiam protestar contra a alegada corrupção governamental, mas agora estão a atacar o partido político no poder, utilizando a hashtag "ZANUPFmustgo". Porém, hoje não havia manifestantes à vista nas ruas, segundo a agência de notícias Associated Press.

As tensões estão a aumentar no Zimbabué à medida que a economia vai implodindo. A inflação é superior a 700%, a segunda maior do mundo.

O Presidente do país, Emmerson Mnangagwa, descreveu o protesto planeado como "uma insurreição para derrubar o governo democraticamente eleito". o chefe de Estado advertiu que os agentes de segurança "estarão vigilantes e em alerta máximo".

O centro da cidade de Harare estava hoje repleto de soldados e polícias patrulhados e postos de controlo tripulados. Um helicóptero do exército pairava sobre alguns dos subúrbios pobres e voláteis da capital.

As forças de segurança expulsaram as pessoas da cidade e forçaram o encerramento de empresas esta quinta-feira.

"Então, tanto o governo como o povo têm mais medo de protestos do que de coronavírus", frisou um guarda de segurança, caminhando ao longo de uma estrada vazia.

"Nunca vi estas pessoas de segurança tão eficazes, e o povo tão cumpridor, mesmo durante aqueles dias do encerramento completo", acrescentou.

O país da África Austral tinha gradualmente flexibilizado o seu confinamento imposto pela pandemia, para permitir alguma atividade comercial, mas continua a proibir protestos como parte das regras de confinamento.

A oposição e os grupos de direitos humanos afirmaram ter testemunhado abusos de direitos humanos, como detenções, espancamentos e perseguições de ativistas e pessoas comuns, acusadas de violarem o confinamento antes do protesto.

Os porta-vozes da polícia e do governo rejeitaram as alegações, mesmo que um jornalista e um político alegadamente ligados à organização do protesto, estejam presos há duas semanas.

A administração do Presidente Mnangagwa acusa o governo dos EUA de financiar os dois homens e outros ativistas envolvidos na mobilização do protesto e esta semana um porta-voz do partido no poder classificou o embaixador dos EUA de "bandido".

Os protestos antigovernamentais no Zimbabué em 2018 e 2019 resultaram na morte de várias pessoas, alegadamente pelos militares.

A pandemia trouxe uma nova etapa de sofrimento.

Nos hospitais públicos, médicos e enfermeiros estão frequentemente em greve e as infraestruturas estão tão degradadas que "crianças e mães morrem diariamente" durante o parto, segundo a Sociedade de Obstetras e Ginecologistas do Zimbabué.

O Programa Alimentar Mundial estimou esta quinta-feira que o número de zimbabueanos que enfrentam a insegurança alimentar poderá atingir os 8,6 milhões até ao final do ano.

Isso seria "um impressionante 60% da população - devido aos efeitos combinados da seca, da recessão económica e da pandemia", disse o PAM, apelando à ajuda internacional.

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