O levantamento da imunidade de Matteo Salvini foi aprovado por 149 dos senadores que integram a câmara alta do Parlamento italiano. Outros 141 votaram contra o levantamento.
"Estou orgulhoso por ter defendido Itália e fazia-o de novo", reagiu Salvini, após o anúncio do resultado da votação no Senado.
O líder do partido de extrema-direita Liga quando integrou o executivo italiano, então numa aliança governamental que mantinha com o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema), assumiu a pasta do Interior.
Na altura, Salvini aplicou uma "política de portos fechados", estratégia que impedia o desembarque de migrantes em território italiano e que, segundo sempre assegurou, foi aplicada para tentar pressionar o resto dos Estados-membros da União Europeia (UE) a aceitar a realocação destas pessoas que chegavam às costas italianas através da rota migratória do Mediterrâneo.
Esta votação no Senado italiano ocorre numa altura em que o número de migrantes que tentam fazer a travessia do Mediterrâneo tem vindo a aumentar.
Centenas de migrantes têm desembarcado diariamente nas costas das ilhas italianas de Lampedusa e da Sicília em pequenas embarcações ou são resgatados em alto mar por navios humanitários e pela Guarda Costeira.
Salvini é acusado por um tribunal em Palermo, Sicília, do sequestro de pessoas por ter recusado em agosto de 2019, então na qualidade de ministro do Interior, que mais de 80 migrantes que estavam a bordo do navio humanitário "Open Arms", bloqueado na altura ao largo da costa da Sicília, pudessem desembarcar num porto seguro, neste caso, num porto italiano.
Com o levantamento da imunidade, Matteo Salvini, de 47 anos, poderá enfrentar uma pena de 15 anos de prisão, caso este processo judicial avance.
"Se alguém pensa que me pode assustar com um julgamento politicamente motivado, está enganado", declarou hoje Matteo Salvini.
Em maio passado, uma comissão do Senado italiano pronunciou-se contra o levantamento da imunidade de Salvini para este caso específico do navio "Open Arms".
No entanto, em fevereiro passado, o Senado, reunido em plenário, já tinha levantado a imunidade do ex-ministro do Interior em relação a outro caso de sequestro, pelo qual será julgado em 03 de outubro.
Neste outro caso, Salvini é acusado de ter impedido o desembarque de mais de 100 migrantes em julho de 2019 e de manter estas pessoas a bordo de um navio da Guarda Costeira italiana durante vários dias no Mediterrâneo.
Para os dois casos em questão, a Liga, que agora é oposição, tem argumentado que o bloqueio dos navios humanitários com migrantes a bordo era uma decisão coletiva do então Governo italiano, que também era liderado pelo atual primeiro-ministro, Giuseppe Conte.