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Missão mediadora deixa Mali sem resolver crise política

A missão mediadora da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deixou o Mali sem conseguir pôr fim à profunda crise política que se vive no país há duas semanas.

Missão mediadora deixa Mali sem resolver crise política
Notícias ao Minuto

11:55 - 18/07/20 por Lusa

Mundo CEDEAO

Após quatro sessões de trabalho, separadamente, com governo e oposição, agregada no movimento 5 de Junho (M5-RFP), a missão, liderada pelo ex-Presidente nigeriano Goodluck Jonathan, não foi capaz de aproximar uns e outros.

A divergência principal decorre da exigência, por parte dos opositores, de que o Presidente maliano, Ibrahim Boubacar Keita, se demita.

Fontes próximas das negociações disseram à agência espanhola Efe que o Presidente se mostrou disponível para formar um governo de unidade nacional, que integrasse a oposição, mas isso não foi suficiente.

No final da quarta ronda de conversações, o porta-voz do M5-RFP disse que as propostas feitas pelo Governo, através da CEDEAO, "não respondem totalmente" às reivindicações da oposição, tendo considerado a missão de mediação "um fracasso".

Falta agora saber se o movimento de oposição vai continuar com os protestos nas ruas, depois de, na sexta-feira, ter decidido suspendê-los, após os graves incidentes de há uma semana, que fizeram 11 mortos, segundo o Governo, e mais de cem feridos. A missão das Nações Unidas no país (Minusma) fala em 14 manifestantes mortos e o M5-RFP sobe para 23.

Num clima de exasperação alimentado durante anos pela insegurança e pelas dificuldades diárias, a terceira grande manifestação antigovernamental desde junho degenerou em três dias de agitação civil.

A capital, Bamako, é normalmente poupada à violência fundamentalista e intercomunitária que atinge o Norte e o Centro do Mali. Contudo, tem assistido a um aumento da agressividade desde as disputadas eleições legislativas de março/abril.

Multidões atacaram o parlamento e a televisão nacional, as ruas foram barricadas e vários bairros foram palco de saques e confrontos entre manifestantes, com pedras, e forças de segurança, que dispararam munições.

As autoridades mandaram prender vários líderes do M5-RFP, que foram depois libertados. As forças foram criticadas por todos os setores por uso excessivo da força e acusadas de utilizar uma unidade antiterrorista de elite para manter a lei e a ordem.

O M5-RFP -- iniciado nos protestos de rua que começaram a 5 de junho -- canaliza múltiplos e profundos descontentamentos contra a deterioração da segurança e a incapacidade do Governo em lidar com esta, a estagnação económica e social, o fracasso do Estado, ou o descrédito generalizado das instituições, suspeitas de corrupção.

A comunidade internacional está preocupada com esta escalada de agitação, com resultados imprevisíveis numa região que se encontra, ela própria, em tumulto.

Portugal tem desde 01 de julho uma Força Nacional Destacada no Mali, no âmbito da Minusma, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295.

O objetivo da missão portuguesa é assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamako, onde estão alojados os militares portugueses.

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