Argentina prolonga quarentena e Buenos Aires sai do confinamento total
O Presidente argentino anunciou hoje a oitava extensão da quarentena, a mais prolongada do mundo, que continuará até pelo menos dia 02 de agosto, com uma leve flexibilização na área metropolitana de Buenos Aires, que sairá do confinamento total.
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Mundo Pandemia
"Entre os dias 18 de julho e 02 de agosto, vamos tentar voltar à vida habitual de forma gradual neste mundo de cuidados diferentes", anunciou o Presidente Alberto Fernández a partir da residência oficial de Olivos, município da Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA).
"Mas tudo o que fizermos agora para tentar voltar à normalidade, terá a precariedade que a pandemia impõe. Se tivermos de voltar atrás, voltaremos. Se tivermos de ajustar mais, ajustaremos", advertiu Fernández, responsável por um dos isolamentos mais rígidos do mundo, iniciado em 20 de março e que completa hoje 121 dias.
A AMBA, responsável por 50% do Produto Interno Bruto do país e região de maior consumo, é também a área que concentra 91% do número de contágios nacionais.
Esta área mais rica do país ficou em confinamento total durante as últimas três semanas, apesar de o número de vítimas na Argentina se situar entre os mais baixos de toda a América Latina.
Com 45 milhões de habitantes, o país tem 2.133 mortos em consequência da covid-19.
A AMBA integra a capital argentina, com três milhões de habitantes, além de outros dez distritos com mais 13 milhões.
No total, trata-se de 37% da população confinada que agora terá pequenas flexibilizações nas atividades comercial e profissional mas sem alterações nos transportes públicos, que continuarão restritos aos trabalhadores de atividades essenciais.
"Ninguém está a falar de uma abertura indiscriminada. São aberturas muito específicas e com protocolo", avisou o Presidente.
Assim, vão abrir pequenas lojas nas ruas secundárias dos bairros, mas não as grandes lojas nas avenidas centrais. Na cidade de Buenos Aires, as atividades profissionais como escritórios de advocacia e cabeleireiros vão poder abrir ao fim de quatro meses fechados.
No passado dia 09 de julho, milhares de argentinos quebraram o confinamento e foram para as ruas por não suportarem mais os efeitos psicológicos e económicos do que no país ficou apelidado de "quarenterna" ("quarentena eterna") num país que, na região, tem os melhores números sanitários, apenas superado pelo Uruguai e Paraguai.
Os efeitos económicos levaram a Câmara de Comércio da Argentina a advertir para a falência de 100 mil lojas e empresas e a Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires a referir danos na saúde mental (ansiedade e depressão) em 80,3% da população.
"Não me pressionam aqueles que saem às ruas. Levo em consideração os comerciantes com lojas fechadas e os trabalhadores informais que precisam trabalhar diariamente. Mas não fizemos todo este esforço para deitar fora", disse Alberto Fernández, negando que a pequena flexibilização seja pela pressão das ruas que pedem liberdade.
"Para estarmos livres, primeiro precisamos estar vivos. Não estamos a proibir liberdades; estamos a preservar a saúde das pessoas", esclareceu.
O Presidente mostrou gráficos que comparam o mau desempenho sanitário dos países do continente para exaltar o bom desempenho argentino e concluir que "o esforço da população não foi inútil".
"Quando o sistema de saúde se satura, a mortalidade duplica ou triplica. Isso aconteceu na Europa. Não foi inútil o esforço que fizemos e esse esforço permite-nos mostrar o país com menos quantidade de mortos no continente", comparou Fernández.
Pela lógica oficial, a quarentena prolongada e o confinamento precoce visam conter o número de vítimas antes e não esperar a saturação do sistema para depois agir.
Durante as últimas três semanas de confinamento, a duplicação de contágios na AMBA melhorou de 14,3 dias a 24,7 dias e a taxa de ocupação das unidades de cuidados intensivos passou de 56% para 64%.
"Sem o confinamento, teríamos 72% de ocupação e estaríamos mais perto da saturação. O que procuramos é que nenhum argentino fique sem assistência e conseguimos", acentuou.
"Mas estamos muito longe de pensar que a situação esteja superada. O risco ainda está latente. O vírus está a circular a uma grande velocidade", alertou Alberto Fernández.
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