Manifestação da oposição em Moscovo resulta em mais de 100 detenções
A polícia russa prendeu hoje mais de 100 pessoas após uma manifestação da oposição contra a recente reforma constitucional no centro de Moscovo, segundo anunciou a 'OVD-Info', organização não-governamental especializada em monitorizar protestos na Rússia.
© Reuters
Mundo Moscovo
Um total de 103 pessoas foram presas na capital russa, após uma manifestação não autorizada contra a reforma constitucional que permite ao Presidente do país, Vladimir Putin, o direito de permanecer no poder até 2036.
Segundo a agência AFP, manifestantes e jornalistas foram presos numa rua no centro de Moscovo, após a manifestação na Praça Pushkin.
A agência de notícias pública TASS, citando fontes policiais, também confirmou que mais de 100 pessoas foram presas e levadas pelas autoridades.
A deputada municipal de oposição Yulia Galiamina anunciou, através da rede social Facebook, que tinha sido presa, juntamente com a filha, na capital russa.
Os manifestantes entregaram assinaturas no Supremo Tribunal, uma forma de protesto contra a revisão da Constituição da Rússia.
"Votei contra", disse Inna Golovina, de 46 anos, uma das manifestantes presente hoje em Moscovo durante o protesto, explicando que perante as informações de que os resultados eleitorais "são falsos" decidiu protestar.
"Rússia sem Putin!", protestavam os manifestantes, segundo reportou um jornalista da AFP.
"As autoridades fazem o que querem, a opinião do povo não interessa a ninguém", reclamou Andrei Stepanov, de 50 anos, um soldado aposentado que participou numa ação semelhante em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia.
A revisão constitucional russa que permite a Putin manter-se no poder até 2036 foi aprovada por 77,92% dos eleitores, de acordo com resultados oficiais do referendo divulgados em 02 de julho e que foram contestados pela oposição.
Os resultados oficiais da consulta popular indicam que a participação foi de 65% e que 21,27% dos eleitores votaram contra a revisão da Constituição.
O referendo na Rússia esteve marcado inicialmente para abril, mas foi adiado devido à pandemia do novo coronavírus.
Apesar da realização do referendo, a reforma constitucional já tinha sido aprovada pelos deputados no princípio do ano e o novo texto da Constituição até já se encontra à venda nas livrarias russas desde o primeiro trimestre.
O oposicionista russo Aexei Navalny considerou a votação como "uma grande mentira" e apelou para a mobilização eleitoral da oposição nas próximas regionais marcadas para setembro.
Uma das emendas mais controversas permite a Vladimir Putin a possibilidade de mais dois mandatos presidenciais além do atual, que termina no ano de 2024.
Desta forma, Putin pode manter-se no Kremlin até 2036, ano em que cumpre 84 anos de idade.
A revisão da Constituição introduz também medidas conservadoras defendidas pelo chefe de Estado, como "a fé em Deus, o casamento apenas entre casais heterossexuais e deveres patrióticos".
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