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HRW denuncia que grupos armados na Colômbia matam para "travar" pandemia

As "brutais" medidas impostas por grupos armados na Colômbia contra a propagação da pandemia de covid-19 incluem "assassínios e outros abusos contra civis" denunciou hoje a organização Human Rights Watch (HRW). 

HRW denuncia que grupos armados na Colômbia matam para "travar" pandemia
Notícias ao Minuto

12:35 - 15/07/20 por Lusa

Mundo Covid-19

De acordo com a organização não-governamental de defesa de direitos humanos com sede nos Estados Unidos, os grupos implicados nos "brutais 'castigos' "são, entre outros, o Exército de Libertação Nacional (ELN) dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e as milícias Autodenfensas Gaitanistas de Colombia (AGC), que emergiram da suposta desmobilização dos grupos paramilitares no princípio do século XXI. 

Desde que a pandemia de SARS coV-2 (covid-19) atingiu a Colômbia, alerta a HRW, vários grupos armados em várias zonas do país "decretaram" o recolher obrigatório, quarentenas e outras medidas para evitar a propagação do novo coronavírus.

Para fazer cumprir as medidas, os grupos mencionados pela HRW "ameaçaram, assassinaram e atacaram" todos os que são acusados de não estar a cumprir as "normas". 

"Em várias regiões da Colômbia grupos armados impuseram de forma violenta as própria regras para 'prevenir' a propagação de covid-19", disse José Miguel Vivanco, diretor geral para o continente americano da organização não-governamental.

O comunicado e a denúncia estão a ser difundidos através do portal da HRW na internet.

"Este brutal controlo social é reflexo da falência histórica do Estado para se estabelecer como uma presença efetiva nas zonas remotas do país e que devia estar a proteger as comunidades em risco", acrescentou Vivanco, horas antes da apresentação do relatório através de uma conferência de imprensa virtual. 

Até segunda-feira a Colômbia confirmou mais de cinco mil mortes e 150 mil casos de covid-19.

Entre as medidas oficial decretadas pelo governo de Bogotá constam o confinamento obrigatório em todo o país, decretado no mês de março e que continua em vigor.

Na elaboração do relatório, a HRW afirma que entrevistou por telefone, entre março e junho, 55 pessoas em 13 zonas do país, incluindo líderes locais, juízes, funcionários de organizações humanitárias, polícias e residentes.

A HRW declarou que certificou a autenticidade dos panfletos distribuídos pelos grupos armados assim como os relatos de fontes secundárias, incluindo publicações de organizações locais de direitos humanos, além de notícias publicadas na imprensa local.

"Essas investigações demonstram que os grupos armados informaram as populações locais sobre a imposição de regras para evitar a propagação de covid-19 em pelo menos 11 das 32 regiões administrativas do país: Arauca, Bolívar, Caquetá, Cauca, Chocó, Córdoba, Guaviare, Huila, Nariño, norte de Santander e Putumayo

Em pelo menos cinco dessas regiões, os grupos utilizaram a violência para impor as "regras" e em quatro ameaçaram recorrer a métodos violentos.

"Os grupos comunicaram as ordens, de forma geral, através de panfletos ou em mensagens pela aplicação móvel WhatsApp. Ordens como quarentenas, restrições à circulação de pessoas, ao trânsito automóvel, impedindo também a abertura de estabelecimentos comerciais assim como a proibição de acesso aos estrangeiros ou cidadãos de outras zonas do país", refere o comunicado.

A HRW examinou "vinte panfletos" assinados por grupos armados que "parecem autênticos", de acordo com entrevistas a funcionários de organizações humanitárias, juízes, líderes locais e polícias. 

A organização não-governamental cita como exemplo membros do Exército de Libertação Nacional em Bolívar (norte) que difundiram um panfleto no princípio do mês de abril em que "anunciavam que se 'sentiam' forçados a provocar baixas humanas para preservar a vida" porque "a população não tinha 'acatado as ordens de prevenção' contra o covid-19".

"No panfleto indica-se que 'só podem trabalhar agricultores, funcionários de farmácias e de padarias' e que os restantes devem permanecer isolados em casa", acrescenta a HRW

"Os brutais e draconianos castigos que estão a ser impostos pelos grupos armados para impedir a propagação do covid-19 estão a expor indivíduos de comunidades remotas e desfavorecidas em todo o país e que estão a ser atacados e, inclusivamente, a ser alvo de assassinato se abandonarem os locais de residência", sublinhou Vivanco

"O governo deve intensificar os esforços para proteger estas comunidades e garantir acesso adequado a alimentos e água assim como a cuidados de saúde", disse ainda o membro da Human Rights Watch.  

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