Igreja Ortodoxa preocupada com destino de antiga basílica na Turquia
A Igreja Ortodoxa russa pediu hoje à Turquia que "seja prudente" e mostrou-se "preocupada" com a vontade revelada pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de converter a antiga basílica de Santa Sophia, em Istambul, numa mesquita.
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Num comunicado, o patriarca russo Kirill declarou-se "profundamente preocupado" com uma possível mudança no estatuto de "um dos maiores monumentos da cultura cristã" e "particularmente querido pela Igreja Russa", herdeira das tradições bizantinas.
"Qualquer tentativa de humilhar ou pisar a herança espiritual milenar da Igreja de Constantinopla é percebida pelo povo russo - antigamente como hoje - com amargura e indignação", alertou o patriarca de Moscovo.
"Uma ameaça para Hagia Sophia é uma ameaça para toda a civilização cristã e, portanto, para a nossa espiritualidade e a nossa história", acrescentou, apelando "prudência" ao Governo turco.
As autoridades turcas adiaram, na quinta-feira, a decisão de converter ou não em mesquita a basílica de Santa Sofia - convertida em museu em 1935 -, localizada em Istambul, na Turquia.
O Conselho de Estado turco examinou o pedido de uma associação próxima ao Governo islâmico turco para alterar o decreto que há 85 anos secularizou o edifício, atual Museu Hagia Sophia, e anunciou que tomará uma decisão nas próximas duas semanas.
Construída no século VI esta antiga basílica onde os imperadores bizantinos foram coroados foi convertida em mesquita no século XV, após a captura de Constantinopla pelos otomanos em 1453.
O debate está instalado na Turquia, entre grupos nacionalistas, conservadores e religiosos, que defendem que o monumento deve ser reconvertido numa mesquita, e os grupos dos que acreditam que este edifício, património da UNESCO, deve permanecer um museu, destacando o estatuto de Istambul como uma ponte entre continentes.
O Presidente Erdogan, que lidera um partido islâmico, tem usado a questão como uma bandeira política, mas disse que o seu Governo aguardará uma decisão antes de agir.
O patriarca ecuménico de Istambul, Bartolomeu I, defende que Hagia Sophia, que serviu como local de culto para cristãos, durante 900 anos, e para muçulmanos, durante 500 anos, deve permanecer como museu, para manter o espírito de abrangência.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou, na sexta-feira, as críticas à sua vontade de transformar a ex-basílica numa mesquita, apesar das preocupações expressas na Turquia e no estrangeiro.
"Fazer acusações ao nosso país a propósito da Santa Sofia equivale a atacar diretamente o nosso direito à soberania", declarou.
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