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Partido Comunista russo questiona sucesso do referendo constitucional

O Partido Comunista da Rússia (PCR) questionou hoje o sucesso do referendo constitucional promovido por Vladimir Putin, entre os dias 25 de junho e 01 de julho, que permite eventualmente ao Presidente russo permanecer no poder até 2036.

Partido Comunista russo questiona sucesso do referendo constitucional
Notícias ao Minuto

12:39 - 04/07/20 por Lusa

Mundo Rússia

Guenadi Ziugánov, secretário-geral do PCR, lembrou num plenário do partido que "um terço dos cidadãos não foram às urnas", apesar de o poderem fazer em qualquer local durante uma semana e que, dos que foram, "um terço votou contra".

Segundo o dirigente partidário, considerando o terço de cidadãos que não votaram e os que votaram contra, então "a maior parte dos russos considera que esta reforma não constitui uma solução efetiva para os seus problemas" e expressaram a sua "desconfiança" relativamente às políticas do Kremlin.

Vladimir Putin considerou que o resultado do plebiscito "demonstra um alto nível de consolidação da sociedade em temas chave da importância nacional" e pediu ao Governo, aos chefes das regiões russas e aos deputados para transporem o "valor" destas emendas para os orçamentos, programas federais e projetos nacionais.

Segundo os dados definitivos apresentados na sexta-feira pela Comissão eleitoral, 77,92% dos eleitores votaram a favor das reformas constitucionais, e 21,27% pronunciaram-se contra, num processo eleitoral muito criticado pela oposição e diversas instâncias internacionais.

Segundo os comunistas russos, tratou-se mesmo de uma oportunidade perdida para emendar a "traição" do ex-presidente Borís Yeltsin, líder da Rússia aquando da aprovação da constituição que se encontrava em vigor no país desde 1993.

"Podíamos ter solucionado a situação do país se o partido oficial tivesse agido com responsabilidade. Tivemos todas as possibilidades de nos desligar da traição de Yeltsin, que até hoje impede o país de sobrepor-se ao transito entre uma crise e outra", criticou Ziugánov.

Os comunistas, segundo partido com maior representação parlamentar na Rússia, foram a única força a recusar a emenda constitucional que permite a Putin permanecer no poder após 2024, ano em que termina o seu quarto mandato presidencial, ao anunciar, em março, que votariam contra o referendo.

As emendas constitucionais aprovadas por quase 78% dos eleitores entram hoje em vigor, depois de o próprio Vladimir Putin ter assinado na sexta-feira o decreto publicado pelo Kremlin.

Anunciada em janeiro por Putin, 67 anos, esta primeira revisão da Constituição desde a sua adoção em 1993 é considerada uma forma de preparar o pós-2024, a data em que termina o seu quarto mandato presidencial.

As alterações abrangem em simultâneo o sistema político - com uma série de modificações aos equilíbrios de poderes na Rússia, incluindo o reforço dos poderes do Conselho de Estado -, as garantias socioeconómicas e os valores societários conservadores defendidos por Putin.

Na perspetiva de diversos analistas, esta reforma permitirá a Putin preservar a sua influência e perenizar o sistema que ergueu durante os seus 20 anos no poder, mesmo que opte por não se candidatar a um novo mandato presidencial dentro de quatro anos.

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