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União Africana pede contenção à Etiópia afetada por conflitos e violência

O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, pediu hoje "contenção por todos os lados" e pediu aos etíopes que "evitem atos que podem agravar" a situação de violência verificada no país nos últimos dias.

União Africana pede contenção à Etiópia afetada por conflitos e violência
Notícias ao Minuto

18:59 - 02/07/20 por Lusa

Mundo Etiópia

"Enquanto o país lamenta a morte de Hachalu Hundesa, o presidente [da Comissão da UA] apela para a calma, contenção por todos os lados e pede aos etíopes para que evitem atos que podem agravar ainda mais a situação atual", lê-se num comunicado emitido hoje pelo gabinete de Moussa Faki Mahamat.

O presidente da Comissão da UA pediu ainda ao Governo da Etiópia para que "leve os perpetradores" dos "atos horrendos à justiça" e "encoraja todos os lados a resolverem as suas diferenças através do diálogo e de meios pacíficos", de forma a que se possam também permitir os esforços necessários à prevenção e controlo dos efeitos da pandemia de covid-19 no país.

Na mensagem, Moussa Faki Mahamat lamentou a morte do cantor Hachalu Hundessa, cujo assassinato, na segunda-feira, desencadeou protestos por toda a Etiópia e que provocaram a morte a mais de 80 pessoas.

O presidente da Comissão da UA disse estar a "acompanhar de perto os recentes desenvolvimentos na Etiópia" e "reafirma o seu apoio ao Governo e ao povo" etíope, assim como os seus esforços para "promover um país estável, pacífico e próspero".

Abatido a tiro na noite de segunda-feira, na capital, Adis Abeba, Hachalu Hundessa, considerado a voz do povo oromo, o maior grupo étnico da Etiópia, desempenhou um papel importante na onda de protestos que levou à ascensão do atual primeiro-ministro Abiy Ahmed, também de etnia oromo, ao poder em abril de 2018.

As declarações do presidente da Comissão da UA surgem no dia em que se celebrou o funeral de Hachalu Hundessa, na sua terra natal, Ambo, durante o qual confrontos entre Exército e população que tentava assistir às cerimónias provocaram pelo menos dois mortos.

No total, cerca de 90 pessoas morreram vitimadas pela violência que se seguiu ao assassinato do cantor, com as autoridades etíopes a reconhecerem que uns foram mortos pelas forças de segurança, enquanto outros faleceram durante confrontos comunitários.

A organização não-governamental Human Rigts Watch (HRW) alertou hoje que a resposta do Governo da Etiópia aos protestos pela morte do cantor Hachalu Hundessa arrisca arrastar o país para uma "crise profunda".

Em resposta aos protestos, o Governo cortou os serviços de Internet em todo o país, o que, segundo a HRW, amplificou "as preocupações de que as pessoas estão a ser silenciadas" e de que os "abusos dos direitos humanos e a violência comunitária", que abalaram o país no ano passado, "não estão a ser tratados".

"A polícia afirma ter efetuado detenções relacionadas com a morte de Hundessa, mas as respostas do Governo aos manifestantes correm o risco de incendiar tensões de longa data", alertou Laetitia Bader, diretora da HRW para o Corno de África.

O apagão da Internet está também a impossibilitar o acesso à informação sobre os mortos e feridos nos protestos, mas a HRW disse que há relatos credíveis de violência, que apontam já para a existência de mais 80 mortos na região de Oromia e de outros 10 em Adama, onde um edifício governamental foi incendiado.

A ascensão de Abyi à chefia do Governo pôs fim a décadas em que a coligação governamental multiétnica foi dominada por líderes da minoria tigray.

Até então, os oromo queixavam-se tradicionalmente da marginalização política e económica.

Abiy Ahmed, 43 anos, impulsionou grandes reformas na Etiópia, o segundo país mais populoso de África, incluindo o fim do estado de emergência decretado pelo seu antecessor, amnistiou milhares de prisioneiros políticos, legalizou os partidos da oposição e comprometeu-se a realizar eleições.

Em 2019, recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua contribuição para pôr fim ao conflito entre a Etiópia e a Eritreia.

No entanto, o primeiro-ministro tem sido criticado por não conseguir resolver alguns dos problemas de raiz do Estado etíope, nomeadamente as tensões étnicas que têm causado ondas de violência e feito da Etiópia o segundo país com mais deslocados do mundo.

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