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França suspende "temporariamente" envolvimento na operação naval da NATO

A França vai suspender o seu envolvimento na operação naval da NATO junto à costa líbia após um incidente com um navio turco, num contexto de crescentes tensões na aliança militar entre os dois países devido ao conflito líbio.

França suspende "temporariamente" envolvimento na operação naval da NATO
Notícias ao Minuto

14:56 - 01/07/20 por Lusa

Mundo Líbia

O ministério da Defesa francês disse hoje que a França enviou na terça-feira uma carta à NATO anunciando que vai suspender "temporariamente" a sua participação na operação "Sea Guardian".

Um responsável do ministério disse que a França pretende que os aliados da NATO "reafirmem solenemente o seu compromisso" no embargo às armas com destino à Líbia. A França acusou a Turquia de repetidas violações no embargo às armas decretado pela ONU em torno do conflito na Líbia, e considerou que o Governo de Ancara constitui um obstáculo para a concretização de um cessar-fogo no país do norte de África.

A França também apelou para a concretização de um mecanismo de crise destinado a prevenir a repetição do incidente registado no início de junho entre navios de guerra turcos e franceses no Mediterrâneo. A NATO está a investigar a ocorrência.

Na terça-feira, a Turquia denunciou vigorosamente a abordagem "destrutiva" da França na Líbia, ao acusar Paris de procurar reforçar a presença da Rússia neste país confrontado desde 2011 com uma devastadora guerra civil e diversas ingerências externas.

Estas declarações surgiram um dia após uma polémica declaração do Presidente francês Emmanuel Macron, que acusou a Turquia de "responsabilidade histórica e criminal" neste conflito.

A Turquia apoia militarmente o Governo de Acordo Nacional (GAN), sediado em Tripoli e reconhecido pela ONU, face às forças dissidentes do marechal Khalifa Haftar, que controla as regiões do leste da Líbia, a designada Cirenaica.

Haftar é apoiado pelo Egito, Emirados Árabes Unidos e de forma mais prudente pela Rússia, que mantém a amarga recordação de ter permitido a intervenção militar ocidental em 2011. De acordo com numerosos analistas, e apesar das contínuas negações oficiais, a França também tem apoiado o marechal dissidente.

Após a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência de uma revolta interna e uma decisiva intervenção aérea de forças da NATO (onde a França se destacou juntamente com Reino Unido e Estados Unidos), a Líbia resvalou para uma situação de caos, com contínuos conflitos e lutas pelo poder.

Em abril de 2019, as forças de Haftar desencadearam uma ofensiva em direção a Tripoli, mas o seu avanço que parecia imparável foi travado há poucas semanas, na sequência do apoio turco ao GAN.

Apoiados pelos drones de Ancara, as forças pró-GAN ameaçam agoira Sirte, uma localidade estratégica em direção ao leste do país do norte de África e uma "linha vermelha" para o Egito, que ameaçou intervir militarmente.

A guerra civil na Líbia, que se agravou na sequência de uma crescente ingerência externa, em particular do Egito, Emirados Árabes Unidos, França e Rússia em apoio a Haftar e, mais recentemente, da Turquia e Qatar em apoio ao campo oposto -- a Itália, antiga potência colonial, também tem privilegiado os contactos com Tripoli --, provocou muitos milhares de mortos e mais de 200.000 deslocados.

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