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Líbano convoca embaixadora dos EUA por declarações sobre Hezbollah

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano chamou a embaixadora dos Estados Unidos para uma reunião na segunda-feira, na sequência de declarações da representante norte-americana criticando o movimento xiita Hezbollah, noticiou hoje a agência pública libanesa.

Líbano convoca embaixadora dos EUA por declarações sobre Hezbollah
Notícias ao Minuto

14:44 - 28/06/20 por Lusa

Mundo Líbano

A Agência de Notícias Nacional ANI não deu pormenores, indicando apenas que o encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros libanês, Nassif Hitti, e a embaixadora Dorothy Shea se realiza na segunda-feira às 15h00 (13h00 em Lisboa).

A imprensa local escreve que o ministro vai frisar à embaixadora que a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados impede um embaixador de interferir nos assuntos internos de outro país e de incitar os cidadãos uns contra os outros.

No sábado, um tribunal proibiu os 'media' locais e estrangeiros no país de entrevistar a embaixadora dos Estados Unidos durante um ano, considerando que as críticas que a representante diplomática fez ao Hezbollah foram sediciosas e uma ameaça à paz social.

Na sexta-feira, numa entrevista ao canal saudita Al-Hadath, Dorothy Shea disse que os Estados Unidos veem com "grande preocupação" o papel do Hezbollah no governo libanês.

A declaração foi duramente criticada no Líbano, que tem dos melhores índices de liberdade de imprensa do mundo árabe, mas outros viram as palavras da embaixadora como uma interferência nos assuntos internos do país.

Depois da decisão do tribunal, vários 'media' libaneses divulgaram novas declarações da embaixadora, em que qualificava a decisão judicial de "infeliz" e afirmava que um responsável do governo libanês, que não identificou, lhe tinha apresentado desculpas.

"Fui contactada ontem à tarde [sábado] por um alto funcionário, bem posicionado, do Governo libanês que apresentou desculpas e transmitiu que esta decisão [judicial] não era apropriada", disse a embaixadora à televisão libanesa MTV, acrescentando que o responsável lhe disse que o Governo "vai tomar as medidas necessárias para a invalidar".

A decisão do tribunal reflete a tensão crescente entre os Estados Unidos e o Hezbollah, assim como uma divisão que se acentua entre diferentes setores no Líbano, que enfrenta a pior crise económica e social dos últimos 30 anos.

O deputado do Hezbollah Hassan Fadlallah classificou hoje as declarações de Dorothy Shea como "uma agressão flagrante à soberania e dignidade nacional" do Líbano e apelou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que obrigue a embaixadora a "respeitar a lei internacional".

Na entrevista à televisão árabe, Shea disse que o Líbano está a sofrer as consequências de anos de corrupção de sucessivos governos e acusou o Hezbollah de desviar fundos públicos e de colocar obstáculos às necessárias reformas económicas.

O Hezbollah é uma organização xiita apoiada pelo Irão, cujos aliados são maioritários no parlamento e apoiam o Governo em funções.

Os Estados Unidos consideram-na uma organização terrorista e aplicam-lhe uma série de sanções.

O Líbano, que integra 18 comunidades religiosas diferentes, rege-se por um complexo sistema de partilha de poder e o aparelho judicial é por vezes envolvido em lutas políticas ou intercomunitárias.

Perto de metade da população vive sob o limiar da pobreza, a moeda nacional afunda-se e foram impostas restrições draconianas aos levantamentos bancários, numa altura em que a dívida do Estado é de cerca de 170% do Produto Interno Bruto (PIB).

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