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Burundi assinala luto em funeral de ex-Presidente Nkurunziza

Milhares de pessoas participaram hoje nas cerimónias fúnebres do antigo Presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, que morreu no dia 08 de junho pelo que as autoridades afirmam ter sido uma "insuficiência cardíaca".

Burundi assinala luto em funeral de ex-Presidente Nkurunziza
Notícias ao Minuto

18:20 - 26/06/20 por Lusa

Mundo Óbito

Após um cortejo de 60 quilómetros iniciado em Karusi, onde Nkurunziza morreu, o corpo do ex-chefe de Estado do Burundi chegou a um estádio na capital, Gitega, tendi sido recebido por milhares de pessoas.

Segundo a agência France-Presse, que cita uma fonte governamental, as cerimónias fúnebres tiveram início durante a manhã com "uma homenagem pela sua mulher, Denise Bucumi Nkurunziza, pelos seus filhos e por pessoas próximas", num encontro íntimo no hospital onde Pierre Nkurunziza morreu.

Nkurunziza morreu pouco tempo depois das eleições que nomearam o seu sucessor -- candidato por si escolhido --, Evariste Ndayishimiye, entretanto empossado.

"Em lugar algum, em África ou no mundo, houve um líder tão próximo de Deus como o Presidente Nkurunziza", afirmou Ndayishimiye, num discurso emocionado, acrescentando que o falecido chefe de Estado era também "o mais próximo das pessoas".

Apesar das autoridades do Burundi afirmarem que a causa da morte de Nkurunziza se deveu a uma insuficiência cardíaca, há suspeitas no país de que o antigo chefe de Estado terá apanhado covid-19, uma vez que a sua mulher viajou até Nairobi, no Quénia, para receber tratamento face ao novo coronavírus duas semanas antes.

Na cerimónia, Denise Nkurunziza, que, entretanto, recuperou da covid-19, referiu que Deus "lhe deu a força para aceitar" os acontecimentos.

Nkurunziza, um devoto evangélico que acreditava ser escolhido por Deus para liderar o Burundi, morreu num momento em que o país enfrenta uma agitação política e económica.

Em 2015, o anúncio da sua terceira candidatura à presidência provocou protestos e uma tentativa de golpe de Estado, tendo a violência resultado em mais de 1.200 mortos e levado 400.000 cidadãos a abandonarem o país.

A repressão da oposição e da imprensa instalou um clima de medo no país da África Oriental, enquanto aumentava um culto da personalidade de Nkurunziza.

O dia de hoje foi declarado feriado nacional para a realização do funeral e cidadãos agruparam-se junto à estrada para observarem o cortejo que transportava o corpo de Nkurunziza.

No estádio na capital, onde a chegada do corpo levou a um coro de gritos e choro, a maioria dos presentes não estava a utilizar máscara ou a cumprir medidas de distanciamento social.

O Burundi adotou poucas medidas para a contenção da propagação da covid-19 desde o início da pandemia, com Nkurunziza a defender que Deus estava a poupar o país da sua fúria.

Na cerimónia de tomada de posse, o seu sucessor admitiu que a doença provocada pelo novo coronavírus representa alguns perigos e aconselhou a população a ir ao médico caso se sentissem doente.

O Burundi contabiliza 144 casos oficiais e uma morte por covid-19, tendo detetado o primeiro caso em meados de março.

De acordo com uma fonte médica citada pela AFP, Nkurunziza sofria de "complicações respiratórias" pouco antes de morrer.

Um diplomata que esteve presente nas cerimónias fúnebres disse à AFP que estava a utilizar máscara, mas que a tirou porque se sentia "ridículo", uma vez que mais ninguém estava a utilizar.

A cerimónia não contou com a presença de qualquer chefe de Estado estrangeiro.

Em África, há 8.856 mortos confirmados em mais de 338 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A pandemia de covid-19 já provocou quase 487 mil mortos e infetou mais de 9,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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