Petrolífera diz que "mercenários russos" entraram num campo de extração
A Companhia Nacional de Petróleo líbia (NOC, na sigla em inglês) manifestou hoje preocupação pela entrada de homens armados estrangeiros, incluindo "mercenários russos", num dos mais importantes campos petrolíferos do país.
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Mundo Líbia
A NOC está "profundamente preocupada pela presença de mercenários russos e estrangeiros no campo petrolífero de al-Charara", indicou na sua página digital.
Segundo o comunicado, uma coluna de "dezenas de veículos entrou nas instalações na noite de quinta-feira".
Após vários meses inativo, este campo, sob controlo do marechal dissidente Khalifa Haftar, o homem forte do leste líbio, retomou a produção no início de junho e foi novamente bloqueado três dias depois pelas milícias pró-Haftar.
Situado na região de Oubari (900 quilómetros a sul de Tripoli), al-Charara é gerido pela companhia Akakus, um consórcio entre a NOC, a espanhola Repsol, a francesa Total, a austríaca OMV e a norueguesa Statoil.
A companhia produzia habitualmente 315.000 barris por dia, numa produção nacional de mais de um milhão de barris diários, segundo a NOC.
A Líbia dispõe as maiores reservas de petróleo de África e a sua fragilizada economia depende em grande parte dos rendimentos desta matéria-prima.
No entanto, o país permanece numa situação caótica, com persistentes violências e lutas pelo poder desde a queda do regime de Muammar Khadafi em 2011.
Duas autoridades disputam o poder, o Governo de Acordo Nacional (GAN) de Fayez al-Sarraj, estabelecido em Tripoli na sequência de um acordo patrocinado pela ONU, e as forças de Khalifa Haftar, apoiado pela Rússia, Egito e Emirados Árabes Unidos.
No âmbito deste conflito, o Governo da Rússia tem desmentido qualquer envolvimento na presença de mercenários russos no terreno.
Um relatório de peritos da ONU divulgado em maio confirmou a presença na Líbia de mercenários do grupo Wagner, considerado próximo do Presidente russo Vladimir Putin.
O GAN, apoiado pela Turquia, retomou há algumas semanas o controlo de todo o noroeste do país.
Segundo o GAN e várias fontes concordantes, citadas pela agência noticiosa AFP, os mercenários russos retiraram-se para sul de Tripoli e foram rechaçados ainda mais para sul.
Numerosas instalações petrolíferas permanecem bloqueadas desde janeiro por Haftar, que pretendia utilizar esse fator como um argumento nas suas conversações com o GAN.
O patrão da NOC, Mustafa Sanalla, denunciou "as tentativas de países estrangeiros de impedir o reinício da produção petrolífera".
Esses países "beneficiam da ausência do petróleo líbio nos mercados mundiais" e apesar de lamentarem "em público e com cinismo" a paragem da produção, "apoiam nos bastidores aqueles que a bloqueiam", acrescentou.
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