"Os nossos dez agentes estavam a distribuir alimentos gratuitos à população quando 'jihadistas' armados chegaram ontem [quarta-feira] em motociclos, por volta das 15:00 locais (mesma hora em Lisboa), e pediram-lhes que os seguissem", disse Kadidiatou Harouna, chefe da APIS, uma ONG parceira do Programa Alimentar Mundial (PAM), à agência de notícias francesa, AFP.

Esta é a primeira vez que elementos de organizações humanitárias foram feitos reféns nesta área, onde a circulação de motocicletas está proibida dia e noite desde janeiro.

Dois veículos todo-o-terreno que pertenciam à APIS foram levados pelos raptores, acrescentou Kadidiatou Harouna.

"No ano passado, tínhamos trabalhado sem qualquer problema na mesma área", referiu.

Os dez trabalhadores foram raptados numa aldeia da comuna de Makalondi, na região de Tillabéri, uma vasta zona, instável, que é palco de ataques regulares e cada vez mais mortais pela parte de grupos 'jihadistas'.

Um trabalhador alemão de organizações de ajuda humanitária e um padre italiano foram raptados em 2018 nesta região, localizada na zona das "três fronteiras" entre o Níger, o Burkina Faso e o Mali, que se tornou um paraíso para os 'jihadistas' sahelianos, incluindo o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS).

Vários veículos, pertencentes ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e Médicos Sem Fronteiras (MSF), foram roubados por homens armados nesta região.

Um dos veículos dos MSF tinha sido utilizado, em 14 de maio de 2019, por terroristas que tinham tentado tomar conta da prisão de alta segurança perto de Niamey, onde 'jihadistas' estão presos, de acordo com as autoridades.

Por razões de segurança, a Comissão Nacional Eleitoral Independente do Níger (Ceni) suspendeu as operações de recenseamento eleitoral em várias comunas na parte ocidental do país em janeiro.

A primeira volta das eleições presidenciais no Níger, juntamente com as eleições legislativas, está marcada para 27 de dezembro de 2020. As eleições municipais e regionais deverão realizar-se em 01 de novembro, de acordo com o programa da Ceni.

Toda a região do Sahel - particularmente Mali, Níger e Burkina Faso - está a ser alvo de ataques cada vez mais violentos por parte de grupos islamitas, apesar do reforço dos exércitos locais e da presença de 4.500 tropas francesas da força antiterrorista Barkhane.

Segundo a ONU, os ataques 'jihadistas' no Mali, Níger e Burkina Faso resultaram em 4.000 mortes em 2019.

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