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ONU preocupada com uso de opioides em África sem prescrição médica

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla inglesa) mostrou-se hoje preocupado com a prevalência do uso do analgésico opioide tramadol sem prescrição médica em África, incluindo por faixas etárias mais jovens.

ONU preocupada com uso de opioides em África sem prescrição médica
Notícias ao Minuto

09:09 - 25/06/20 por Lusa

Mundo África

No Relatório Mundial sobre a Droga de 2020 hoje divulgado, a agência das Nações Unidas refere que "muitos países da África Ocidental, África Central e do Norte de África apontam o uso de tramadol sem prescrição médica como uma das maiores ameaças ao uso" deste opioide.

O documento aponta o caso da Nigéria, o único país africano que realizou um estudo junto da população sobre o consumo de droga e fármacos, onde três milhões de homens (6% da população masculina) e 1,6 milhões de mulheres (3,3% da população feminina) entre os 15 e os 64 anos dizem utilizar opioides sem aconselhamento médico.

A UNODC refere que o tramadol foi uma das principais substâncias utilizada no tratamento de doentes na África Ocidental entre 2014 e 2017, em particular no Benim, no Mali, no Níger, na Nigéria, na Serra Leoa e no Togo.

"A utilização de tramadol para fins não médicos é algo preocupante entre os jovens em muitos países nesta sub-região. Por exemplo, um estudo transversal com 300 jovens na região oeste do Gana, refere que a maioria (85%) dos inquiridos conhecia alguém que utilizou indevidamente tramadol. Mais de metade dos jovens entrevistados utilizou tramadol com fins não medicinais, e um terço dos consumidores referiu utilizar até nove ou dez doses de tramadol por dia", diz o comunicado.

A UNODC aponta fatores como "curiosidade, pressão dos pares e ou iatrogenia medicamentosa" como as principais formas de iniciação do uso de tramadol, com os consumidores a manterem a utilização para obterem "perceção de euforia, estado de alerta, alívio da dor, energia física e efeitos afrodisíacos".

Um outro país africano que levanta preocupação pela utilização de analgésicos é o Sudão. Ainda que não apresente dados concretos, a UNODC diz que as investigações no país sugerem que o cenário do consumo de droga está a mudar, com o aumento da utilização de fármacos com efeitos recreativos -- entre os quais o tramadol, benzodiazepinas ou anti-histamínicos.

No relatório anual, a agência das Nações Unidas considera que o tráfico e a disponibilização de opioides como o tramadol para uso sem aconselhamento médico representa um risco para a saúde pública. No entanto, a UNODC assinala que a limitação da disponibilização destes fármacos produziria um outro risco para a saúde pública, remetendo para "a escassez crónica de analgésicos" em África.

"Não existem dados sobre a disponibilidade ou o uso de tramadol para fins médicos, mas os dados sobre substâncias controladas internacionalmente destacam claramente as lacunas na acessibilidade dos medicamentos para as dores", lê-se no documento.

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