Meteorologia

  • 28 MARçO 2024
Tempo
16º
MIN 11º MÁX 18º

UE adverte Ancara sobre nova vaga migratória na fronteira greco-turca

O chefe da diplomacia europeia transmitiu hoje, a partir da fronteira greco-turca, uma mensagem de solidariedade para com Atenas e um aviso a Ancara, que continua a ameaçar abrir fronteiras para permitir a passagem de migrantes para a Europa.

UE adverte Ancara sobre nova vaga migratória na fronteira greco-turca
Notícias ao Minuto

14:35 - 24/06/20 por Lusa

Mundo Migrações

"As fronteiras gregas são também as fronteiras da União Europeia (UE). Estamos determinados em proteger as fronteiras externas da UE e apoiamos firmemente a soberania da Grécia", afirmou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, após ter visitado com o chefe da diplomacia grega, Nikos Dendias, um posto militar na fronteira greco-turca, junto de Kastanies (na zona norte do território grego).

O chefe da diplomacia europeia salientou, porém, a necessidade de a Grécia ter uma relação de boa vizinhança com a Turquia.

"Para proteger os nossos interesses e reforçar a estabilidade regional", frisou Josep Borrell.

O ministro dos Negócios Estrangeiros grego acusou, por sua vez, a Turquia de chantagear a Europa com uma instrumentalização dos migrantes e refugiados, criticando as autoridades turcas por "violarem sistematicamente a soberania da Líbia, Síria, Iraque e do (nosso) parceiro europeu, a República de Chipre".

O ministro helénico garantiu que a Grécia está disponível para negociar com a Turquia, mas não sob ameaças.

Nikos Dendias referia-se, entre outros exemplos, às declarações recentes do seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, que afirmou há alguns dias que os dois países deviam retomar o diálogo, advertindo, no entanto, que Ancara iria responder a qualquer tentativa grega de travar as explorações energéticas que a Turquia está a planear a sul da ilha de Creta.

Nos últimos meses, o clima de tensão entre a Grécia e a Turquia voltou a aumentar por causa das pretensões energéticas de Ancara numa zona marítima que as autoridades gregas reclamam como sua.

Após a assinatura em novembro passado de um acordo com o Governo de Acordo Nacional (GAN), com sede em Tripoli (Líbia) e reconhecido pela comunidade internacional, a Turquia delineou uma zona económica exclusiva que se estende até às águas marítimas da ilha grega de Creta.

A Turquia nega que as ilhas tenham uma plataforma continental e, consequentemente, reclama estas águas, posição contestada pela Grécia, mas também pela UE e os Estados Unidos.

Desde essa altura, o governo do primeiro-ministro grego conservador, Kyriakos Mitsotakis, tem pedido uma resposta mais clara por parte da UE face às pretensões turcas, que Atenas tem classificado como "provocações constantes".

Perante esta nova disputa entre Atenas e Ancara, várias análises mencionaram que a Turquia utilizou a crise migratória (o país alberga vários milhões de refugiados, maioritariamente sírios) como uma arma de arremesso.

O governo turco anunciou, em final de fevereiro, que ia 'abrir as portas' (as suas fronteiras) para permitir a passagem a todas as pessoas que desejassem chegar à Europa, nomeadamente à UE.

Após o anúncio de Ancara, milhares de pessoas convergiram para a fronteira terrestre greco-turca, em Kastanies, situação que suscitou momentos de tensão na zona.

A Grécia usou forças policiais e militares para travar os migrantes, tendo sido registados confrontos na fronteira terrestre entre a Turquia e a Grécia em março passado.

Atenas contou então com a ajuda da agência europeia de controlo de fronteiras (Frontex), que iniciou, também em março, operações de vigilância na fronteira terrestre greco-turca, no nordeste da Grécia.

Também em março, a zona fronteiriça foi visitada pelos líderes das principais instituições europeias, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a agradecer então à Grécia por agir como um "escudo europeu" e a salientar a prioridade de assegurar "a ordem na fronteira externa grega, que é também uma fronteira europeia"

A pandemia da doença covid-19 acabou por determinar o encerramento de fronteiras, tendo atenuado nos últimos meses o fluxo migratório nesta zona fronteiriça.

Neste momento em que as fronteiras começam a reabrir, e perante as novas insinuações por parte de Ancara, as autoridades gregas têm reforçado a segurança na fronteira terrestre e aumentado a vigilância na fronteira marítima.

Recentemente, a organização não-governamental (ONG) Watch the Med-Alarmphone, uma plataforma que se dedica a monitorizar as mortes e as violações dos direitos dos migrantes nas fronteiras marítimas da UE, denunciou que os migrantes que partem das costas turcas para chegar à Europa, em particular ao território grego, continuam a ser vítimas da tensão entre Ancara e Atenas.

A mesma ONG denunciou, por exemplo, que a guarda costeira grega está a intercetar botes com refugiados e a forçá-los a regressar para águas turcas.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório