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Índia vai repensar laços estratégicos após confrontos com a China

Os confrontos das últimas semanas entre China e Índia devem acelerar a cooperação de Nova Deli com os Estados Unidos, e outros parceiros estratégicos, visando contrariar a crescente assertividade da política externa chinesa, afirmam analistas.

Índia vai repensar laços estratégicos após confrontos com a China
Notícias ao Minuto

12:30 - 19/06/20 por Lusa

Mundo Índia

"Mais do que confrontar a China, penso que a Índia vai acelerar a sua cooperação com os Estados Unidos, Japão, Austrália, mas também a Rússia, França, Alemanha e a União Europeia", apontou Constantino Xavier, investigador no Instituto Brookings Índia, em Nova Deli, à agência Lusa.

Embora Nova Deli e Pequim queiram impedir uma escalada nas tensões, as primeiras vítimas mortais, desde 1975, em confrontos entre os dois países vizinhos esta semana, constituíram um choque para as forças políticas e de segurança da Índia.

Os violentos confrontos, que resultaram na morte de pelo menos 20 soldados indianos nas montanhas dos Himalaias, "vão reduzir a confiança indiana em tolerar a influencia da China" na sua periferia, nomeadamente no Nepal, Paquistão ou Oceano Índico, apontou o analista português.

Constantino Xavier prevê que Nova Deli se aproxime de "parceiros estratégicos com que esteja mais à vontade do que com a China".

"Vão ser entendimentos pontuais, em questões económicas e de segurança, e bastante flexíveis, como a participação indiana na Aliança para o Multilateralismo, uma iniciativa franco-alemã", apontou.

As tensões na fronteira aumentaram depois de os militares indianos terem cancelado os seus exercícios anuais na fronteira dos Himalaias, em abril passado, devido ao surto do novo coronavírus.

Analistas de segurança indianos dizem que as tropas chinesas aproveitaram a oportunidade para estabelecerem posições em terrenos reivindicados pelo país vizinho, incluindo picos estratégicos do vale de Galwan, com vista para uma estrada indiana recém-construída.

Uma vez descobertos, os avanços chineses levaram a uma militarização de ambos os lados, incluindo várias lutas com paus e arremesso de pedras até que, em 6 de junho passado, China e Índia acordaram uma retirada gradual.

No entanto, cada lado afirma que o outro violou os termos.

"Parece-me que a ofensiva chinesa nos Himalaias reflete o 'modus operandi' no Mar do Sul da China", observou Constantino Xavier.

A China reclama cerca de 90% do Mar do Sul da China, um espaço marítimo essencial para o comércio internacional e potencialmente rico em recursos naturais e energéticos, apesar das reivindicações dos países vizinhos, incluindo as Filipinas, o Vietname, a Malásia, o Brunei, Taiwan e Indonésia.

Numa altura em que a pandemia afetou vários países da região e os Estados Unidos, o principal rival estratégico de Pequim, a China declarou duas novas divisões administrativas em ilhas disputadas. Para reforçar as reivindicações, Pequim recorreu a frotas do Exército Popular de Libertação, da Guarda Costeira da China e milícias marítimas nas águas da Indonésia, Malásia, Vietname e Filipinas.

No caso da Índia, a condicionar um confronto direto estão as reduzidas capacidades militares face ao país vizinho.

"No geral, o exército chinês é agora provavelmente muito mais eficaz do que as forças armadas e a marinha indiana", reconheceu Taylor Fravel, Professor de Ciência Política e Diretor de Estudos de Segurança do Instituto de Tecnología de Massachusetts (MIT), à Lusa.

Fravel ressalvou, no entanto, que a Índia conta com mais tropas estacionadas nas áreas disputadas do que o lado chinês, cujas forças armadas estão sobretudo concentradas em torno de Pequim e Xangai, as duas maiores cidades do país, junto ao estreito de Taiwan, no leste, ou próximo da Coreia do Norte, no nordeste.

"É difícil manter as tropas em alta altitude. Em grande parte do planalto tibetano é bastante difícil manter forças militares", explicou.

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