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Fracassaram conversações sobre disputa em barragem no rio Nilo

A última ronda de conversações entre os três países-chave da bacia do Nilo falhou, mantendo-se a disputa sobre a construção de uma barragem hidroelétrica na Etiópia, afirmou hoje o ministro da Irrigação do Sudão.

Fracassaram conversações sobre disputa em barragem no rio Nilo
Notícias ao Minuto

10:44 - 18/06/20 por Lusa

Mundo Rio Nilo

A disputa de um ano sobre a Grande Barragem Etíope do Renascimento na Barragem do Nilo Azul, orçada em 4,09 mil milhões de euros, põe em causa o desejo da Etiópia de se tornar um grande exportador de energia e de retirar milhões de pessoas da pobreza, contra a preocupação do Egito de que a barragem irá reduzir a sua parte crítica do rio se encher demasiado depressa.

Há muito que o Sudão se encontra dividido entre os interesses concorrentes do Egito e da Etiópia. A barragem da Etiópia é benéfica, incluindo o acesso a eletricidade barata e a redução das inundações, mas suscitou receios quanto ao funcionamento e à segurança do projeto etíope, que pode pôr em perigo as próprias barragens do Sudão.

Os três países retomaram as negociações em 09 de junho, através de videoconferência, após meses de impasse. Mediadores dos Estados Unidos, da União Europeia e da África do Sul, bem como o atual presidente da União Africana, participaram nas conversações na qualidade de observadores.

O ministro da Irrigação do Sudão, Yasser Abbas, disse aos jornalistas da capital sudanesa, Cartum, depois de as conversações terem terminado na quarta-feira, que os países concordaram em "90% ou 95%" das questões técnicas, mas que a disputa sobre os "pontos jurídicos" do acordo continua.

Abbas disse que não foi fixada qualquer data para o regresso às conversações, afirmou.

"Um acordo deve ser assinado antes do início do enchimento, (da barragem)", disse, acrescentando: "Não há solução a não ser através de negociações".

O Ministério da Água e da Irrigação da Etiópia afirmou que, embora as questões técnicas tenham sido resolvidas, uma questão jurídica fundamental ainda tem de ser resolvida.

"Além de assegurar um ótimo funcionamento da Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD), a negociação requer prudência para salvaguardar o direito permanente da Etiópia sobre o Nilo Azul", afirmou.

O Sudão quer garantir que as descargas de água da barragem etíope sejam coordenadas com os níveis da barragem de Roseries, a cerca de 100 quilómetros (62 milhas) da GERD, afirmou o ministro sudanês.

O responsável afirmou que o Sudão e o Egito rejeitaram as tentativas da Etiópia de incluir artigos sobre a partilha da água e os antigos tratados do Nilo no acordo relativo às barragens.

"Este é um acordo apenas sobre a exploração e o enchimento da barragem", disse.

Hisham Abdalla, um negociador sudanês, disse na conferência de imprensa que tinham acordado durante conversações com os Estados Unidos em tornar o acordo "juridicamente vinculativo".

"A Etiópia, contudo, retratou-se nesta ronda, sugerindo que seria um acordo orientador que poderia ser modificado ou cancelado. Esta é uma situação muito grave", afirmou.

O Egito recebeu a maior parte das águas do Nilo, ao abrigo de acordos celebrados há décadas, que remontam à era colonial britânica. Oitenta e cinco por cento das águas do Nilo têm origem na Etiópia a partir do Nilo Azul, que é um dos dois principais afluentes do Nilo.

A Etiópia quer começar a encher o enorme reservatório da barragem nas próximas semanas, mas o Egito manifestou a preocupação de que o enchimento do reservatório demasiado rápido e sem um acordo pudesse reduzir significativamente a quantidade de água do Nilo disponível para o Egito.

Os três países deveriam chegar a um acordo em fevereiro, mas a Etiópia não participou na reunião de assinatura e acusou a administração Trump de estar do lado do Egito.

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