Durante a noite de segunda-feira para terça-feira, soldados dos dois países entraram em confronto extremamente violentos, corpo a corpo, e usando pedras e barras de ferro.

O combate ocorreu num vale no deserto montanhoso de Ladakh (norte da Índia), objeto de uma antiga disputa de fronteira.

A morte de soldados indianos "não terá sido em vão", disse hoje o primeiro-ministro Narendra Modi, na sua primeira declaração pública sobre o assunto.

"A Índia quer paz, mas pode dar uma resposta apropriada quando nós provocamos", declarou ainda Modi.

Os exércitos indiano e chinês estão envolvidos há várias semanas em escaramuças ao longo da fronteira em disputa, principalmente em Ladakh, e enviaram milhares de reforços para lá desde maio.

Os dois países haviam concordado, há dez dias, diminuir a escalada de tensão em algumas das áreas disputadas.

Aviões militares indianos pousaram durante a noite no aeroporto de Leh, tráfego noturno incomum para a capital de Ladakh, disseram hoje fontes de segurança na região à agência de notícias AFP.

Centenas de paramilitares indianos também foram enviados para áreas próximas ao vale de Galwan, local da violência, acrescentaram as fontes.

Se a Índia denunciou vítimas "de ambos os lados" nesse confronto mortal, o primeiro em 45 anos entre os exércitos das duas nações mais populosas do planeta, a China permanece calada sobre possíveis mortes nas suas fileiras.

Pequim reafirmou hoje o seu desejo de apaziguamento e instou o seu vizinho a evitar "gestos provocativos".

"Do lado chinês, certamente não queremos mais confrontos", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian.

Os dois países rejeitam publicamente a responsabilidade pelo conflito e dizem que querem uma solução pacífica para a crise.

Os corpos dos soldados indianos que morreram no vale de Galwan, onde corre um rio, estão a ser autopsiados e demonstram a brutalidade do confronto.

A Índia e a China tiveram várias disputas territoriais de longa data nas áreas de Ladakh e Arunachal Pradesh (leste).

Os confrontos em áreas montanhosas entre exércitos indiano e chinês tornaram-se mais frequentes nos últimos anos, o que o Governo norte-americano interpreta como um sinal de crescente agressividade chinesa na Ásia.

O último conflito aberto entre as duas nações remonta à Guerra de 1962, que viu as tropas indianas serem derrotadas rapidamente pelo exército chinês.