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ONG denuncia morte de sete civis em ataques norte-americanos na Somália

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje a morte de sete civis, incluindo uma criança, em dois ataques realizados por 'drones' norte-americanos na Somália, em fevereiro e março, que "alegadamente violaram as leis de guerra".

ONG denuncia morte de sete civis em ataques norte-americanos na Somália
Notícias ao Minuto

09:48 - 16/06/20 por Lusa

Mundo Somália

O primeiro ataque ocorreu em 02 de fevereiro, quando um projétil lançado por um 'drone' norte-americano atingiu uma casa em Jibil, uma cidade na região sul de Middle Juba.

Uma mulher, entre 18 e 20 anos, foi morta instantaneamente e duas das suas irmãs, os seus filhos e a sua avó ficaram feridos neste ataque.

Num comunicado, o comando militar das Forças Armadas dos Estados Unidos para a África (AFRICOM) confirmou que o ataque foi realizado, mas que apenas "um terrorista" foi morto.

O segundo incidente teria ocorrido em 10 de março, perto da cidade de Janaale, na região sul de Lower Shabelle, quando outro ataque aéreo atingiu um miniautocarro particular e matou os seis passageiros a bordo, incluindo uma criança, quando o veículo se dirigia para Mogadíscio.

Familiares das vítimas, que visitaram os restos do miniautocarro após o ataque, disseram à HRW que o veículo estava totalmente destruído e só conseguiram reconhecer algumas das roupas dos seus familiares.

Por seu lado, a AFRICOM relatou no mesmo dia que "cinco terroristas" haviam sido mortos e a entidade disse ainda estar a investigar relatos de que houve vítimas civis, mas não voltou a pronunciar-se sobre o facto.

A organização de direitos humanos pediu ao comando dos EUA, repercutindo o apelo das famílias das vítimas, que "pare de matar civis" e garanta que os seus alvos sejam 'jihadistas' antes de iniciar o ataque.

Os EUA, que têm cerca de 500 militares destacados na Somália, geralmente realizam ataques aéreos contra áreas dominadas pelo grupo rebelde Al-Shebab e são apoiados em terra pelo exército da Somália e pelas forças da missão multinacional de manutenção da paz da União Africana na Somália (AMISOM).

Os ataques dos EUA na Somália aumentaram desde 30 de março de 2017, quando o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva declarando o sul do país "área de hostilidades ativas", segundo a Amnistia Internacional (AI).

Desde então, os militares dos EUA realizaram 34 ataques nos últimos nove meses de 2017, um número maior do que aqueles realizados durante o segundo mandato do antecessor de Trump na Casa Branca, Barack Obama (2013-2017).

Em 2018 esse número aumentou, com 47 ataques de 'drones' em território somali e, em 2019, foram outros 63 ataques.

Nos primeiros cinco meses de 2020, os EUA realizaram pelo menos 40 ataques em solo somali.

Num deles, realizado em 02 de abril, a AFRICOM afirmou ter matado Yusuf Jiis, um líder "fundador" do Al-Shebab e peça "chave na organização".

Esses números superam os ataques norte-americanos em outros países, como Líbia ou Iémen.

O Al-Shebab, que aderiu à rede internacional da Al-Qaeda em 2012, controla parte do território no centro e sul da Somália (a maioria das áreas rurais nessas áreas) e luta para estabelecer um Estado no país de orientação islâmica wahhabi (ultraconservadora).

Nos últimos 10 anos, mais de 31.000 pessoas (incluindo quase 4.500 civis) foram mortas nos ataques do Al-Shebab, de acordo com dados do Armed Conflict Location and Event Dataset (ACLED), uma entidade especializada em recolher dados de conflitos.

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