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Prisão efetiva para 6 envolvidos na vertente financeira do Caso Carachi

Um tribunal de Paris condenou hoje a penas de prisão seis pessoas envolvidas na vertente financeira do caso Carachi, relacionado com comissões ocultas em contratos de armamento assinados em 1994 com Arábia Saudita e Paquistão.

Prisão efetiva para 6 envolvidos na vertente financeira do Caso Carachi
Notícias ao Minuto

16:03 - 15/06/20 por Lusa

Mundo Paris

O tribunal condenou a penas de dois a cinco anos de prisão antigos responsáveis próximos do ex-primeiro-ministro francês Edouard Balladour, que não podiam ignorar a "origem duvidosa" dos fundos depositados na conta da sua campanha presidencial de 1995 e provenientes de pagamentos ilegais.

Este primeiro julgamento constitui um aviso para o ex-primeiro-ministro francês, 91 anos, cujo processo deverá decorrer no Tribunal de Justiça da República nos próximos meses por infrações cometidas durante o seu mandato.

Em outubro, o procurador de Paris pediu penas de entre 18 meses e sete anos de prisão efetiva contra um industrial, três políticos e dois intermediários, por abusos de bens sociais, cumplicidade ou ocultação deste delito.

Segundo a acusação, as gratificações, então legais, entregues a intermediários devido aos contratos de armamento assinados em 1994 com a Arábia Saudita (Sawari II) e o Paquistão (Agosta) também implicaram pagamentos ilegais que contribuíram para financiar a campanha presidencial de Balladour em 1995, quando obteve a terceira posição e foi afastado da segunda volta.

Num período em que a corrupção de responsáveis públicos era regra no jogo da concorrência planetária, estas negociações decorreram num contexto particular em França, onde se registava uma luta fratricida na direita entre o presidente do município de Paris, Jacques Chirac, e o primeiro-ministro cessante.

A defesa tinha solicitado a libertação dos indiciados, ao referir-se a perseguições "ordenadas" e acusações "sem prova".

No entanto, a investigação concluiu que o poder político tinha imposto ao ramo internacional da Direção das construções navais (DCN, hoje Naval Group) e à Sofresa (sociedade de comercialização de armamento) -- duas entidades estatais que vendiam submarinos e fragatas --, intermediários "inúteis" nestes contratos, a "rede K" (para King e numa referência ao rei da Arábia Saudita).

Os contratos atingiam milhares de milhões de euros, as comissões propostas rondavam à época os 300 milhões de euros e as somas depositadas atingiam as dezenas de milhões. O objetivo, segundo a acusação, consistia em desviar uma pequena parte dos pagamentos dirigidos à "rede K" para as contas da campanha presidencial de Balladur.

Neste caso, as suspeitas sobre pagamentos ilegais emergiram na sequência do inquérito ao atentado de Carachi.

Em 08 de maio de 2002, uma viatura armadilhada dirigida contra um autocarro que transportava trabalhadores da DCNI provocou 15 mortos, incluindo 11 franceses que trabalhavam na construção de submarinos no grande porto paquistanês.

Hoje, a justiça não se pronunciou sobre uma eventual ligação de causalidade entre o fim do envio das comissões e o atentado de Carachi em 2002, uma tese defendida pelas famílias das vítimas e objeto de um inquérito antiterrorista que ainda decorre.

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