Todas as estruturas da AfD naquele estado federado que circunda Berlim, onde o partido foi o segundo mais votado nas eleições regionais de 2019, com 23,5%, passaram a ser consideradas pelos serviços de informações internas "um caso suspeito e objeto de vigilância", segundo o departamento regional de administração interna.

Até hoje, este tipo de medida apenas foi aplicado na Alemanha aos pequenos grupos ou organizações considerados um risco para segurança nacional.

"Dispomos de suficientes elementos tangíveis que mostram que, de esta federação regional, 'emanam tendências que visam contestar as regras democráticas e as liberdades fundamentais' garantidas pela Constituição", disse à imprensa o responsável local dos serviços de informações internas, Jörg Müller.

Com esta decisão, os serviços de informações podem usar todos os meios de que dispõem para averiguar se as suspeitas se confirmam.

Os serviços de informações internas (BfV), veem "com grande preocupação o rumo tomado pela AfD de Brandemburgo", que "foi e continua a ser liderada 'de facto' por um extremista radical independente", acrescentou o responsável, referindo-se a Andreas Kalbitz.

Kalbitz dirigiu formalmente a federação de Brandemburgo e, mais recentemente, foi um dos representantes de A Ala (Der Flügel), a ala nacional mais radical do partido, considerada próxima de movimentos neonazis.

Em março, as autoridades alemãs tomaram uma medida semelhante à agora decidida visando A Ala.

Andreas Kalbitz foi afastado da AfD a 15 de maio por ter escondido que tinha pertencido, no passado, a um grupo neonazi, expulsão que contestou em tribunal, mas continua a integrar o grupo parlamentar regional do partido, graças ao apoio maioritário dos deputados do grupo.

O ministro regional do Interior, Michael Stübgen, considerou que a AfD de Brandemburgo "se foi radicalizando continuamente desde a sua criação e é atualmente dominada por aspirações claramente dirigidas contra a ordem liberal e democrática", mantendo "vínculos estreitos com estruturas da direita radical".

O ministro regional assegurou que a AfD de Brandemburgo "é dominada pela ideologia de A Ala", cuja "suposta dissolução", "não fez qualquer diferença na região.

A medida que visa a federação da AfD de Brandemburgo foi criticada como "um erro" pelo principal dirigente nacional da AfD, Alexander Gauland, afirmando que ela "é tão equivocada como todas as classificações feitas até agora sobre a AfD" pelos serviços de informações.

A AfD teve um crescimento significativo nas eleições legislativas de 2017, quando se tornou a principal força da oposição no parlamento federal ao governo de coligação entre conservadores e sociais-democratas.

O movimento tem contudo perdido apoio nas sondagens devido a rivalidades internas.

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