Tribunal de Oslo divulga sentença de extremista acusado de crimes de ódio
Um tribunal norueguês divulga hoje a sentença do extremista de direita Philip Manshaus, acusado de em 10 de agosto de 2019 ter efetuado disparos numa mesquita perto de Oslo depois de matar a sua meia-irmã de origem asiática.
© Lusa
Mundo Oslo
Na anterior sessão do julgamento, em 20 de maio, o Ministério Público pediu uma pena de prisão de 21 anos prorrogáveis enquanto a defesa argumentou a favor da absolvição do arguido, de 22 anos, apontando existirem dúvidas sobre a responsabilidade criminal do acusado.
O acusado está a responder na Justiça por "homicídio" e "ato terrorista".
Vestido com um colete à prova de balas e um capacete equipado com uma câmara, Manshaus terá disparado vários tiros, em 10 de agosto de 2019, no Centro Islâmico Al-Noor em Baerum, antes de ser capturado por alguns fiéis.
Embora não tenha causado feridos neste ataque, a polícia encontrou a sua meia-irmã adotada, de origem chinesa, morta por quatro balas na sua casa.
"Ele parece ser perigoso há muito tempo", disse o procurador Johan Øverberg no último dia do julgamento, no tribunal de Asker og Baerum, em Oslo.
A sentença pedida pelo Ministério Público chama-se "forvaring" e obriga a um mínimo de 14 anos, que podem ser prorrogados indefinidamente, desde que a pessoa condenada seja considerada perigosa. A prisão perpétua não existe na Noruega.
Nas alegações finais, Øverberg argumentou que o assassínio da meia-irmã, de 17 anos, Johanne Zhangjia Ihle-Hansen, foi uma "execução planeada" com "motivações racistas".
Na mesquita onde Manshaus realizou o ataque, havia apenas três fiéis a preparar um festival, mas o objetivo era "matar o maior número possível de muçulmanos", acrescentou o procurador, sublinhando que o acusado não expressou nenhum remorso.
O extremista de direita reconheceu os factos, mas descartou as acusações, alegando ter agido por "estado de necessidade", um conceito legal que autoriza atos ilegais em condições excecionais, o que, segundo alegou, era garantir a "sobrevivência" da raça branca".
A advogada de defesa, Unni Fries, pediu a absolvição, defendendo existirem claros indícios de uma psicose.
"Se o tribunal o considerar não responsável, o acusado poderá ser condenado a tratamento psiquiátrico forçado", disse.
Durante o julgamento, três especialistas concluíram que Manshaus era criminalmente responsável.
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