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Antuérpia retira estátua do rei dos belgas Leopoldo II de uma praça

Uma estátua do rei dos belgas Leopoldo II, figura controversa do passado colonial da Bélgica, foi retirada hoje de uma praça pública em Antuérpia (norte) e transportada para um museu local.

Antuérpia retira estátua do rei dos belgas Leopoldo II de uma praça
Notícias ao Minuto

14:03 - 09/06/20 por Lusa

Mundo Antuérpia

A retirada, noticiada pela agência AFP citando fontes do município, ocorre depois das manifestações que juntaram milhares de pessoas em várias cidades belgas contra o racismo e em homenagem a George Floyd, o norte-americano negro morto em maio por um polícia branco nos Estados Unidos.

A estátua em causa, situada perto de uma igreja em Ekeren, foi vandalizada na semana passada.

A sua remoção do local, segundo Johan Vermant, porta-voz do burgomestre (presidente da câmara) de Antuérpia, Bart De Wever, já estava prevista no âmbito de uma remodelação da praça programada para 2023, mas a transferência para o Museu Middelheim foi antecipada depois de ter sido "seriamente vandalizada na semana passada".

"Devido à renovação da praça, a estátua não voltará a ser lá colocada e continuará provavelmente a fazer parte da coleção do museu", disse Vermant à AFP.

Um porta-voz do Museu Middelheim, conhecido por expor as esculturas ao ar livre, confirmou ter recebido a estátua e indicou que ela está no armazém do museu.

"Vamos ver em que estado está e depois veremos" que destino lhe será dado, disse.

Leopoldo II (1835-1909) é há muito uma figura polémica na Bélgica pelos excessos do seu governo no antigo Congo belga, atual República Democrática do Congo, incluindo, segundo historiadores, a morte de cerca de 10 milhões de congoleses, mas a discussão pública em torno do antigo monarca reacendeu-se com o caso George Floyd.

Já este mês, os partidos maioritários no parlamento belga pediram ao executivo a criação de um grupo de trabalho para a "descolonização" do espaço público, através da revisão e remoção dos nomes de ruas e praças relativos à história colonial do país.

Nas últimas semanas, várias estátuas de Leopoldo II pelo país foram vandalizadas e foi lançada uma petição, de um grupo intitulado "Reparar a História", para a retirada das estátuas e bustos do antigo rei da capital belga.

"Estas estátuas não têm lugar em Bruxelas, com os seus 118 distritos com quase 200 nacionalidades representadas", lê-se na petição, que já tem mais de 40.000 assinaturas e está aberta a assinantes até 30 de junho, 60.º aniversário da independência do Congo.

O Congo foi declarado colónia da Bélgica em 1885, durante a Conferência de Berlim, que dividiu África entre as potências coloniais europeias.

A colonização do Congo permitiu a Leopoldo II transformar a Bélgica numa potência através da exploração dos recursos congoleses, nomeadamente a borracha.

Para competir com os países que exploravam as vastas plantações de borracha da América Latina e Sudeste da Ásia, Leopoldo II escravizou a população congolesa e submeteu-a a grande violência, com historiadores a estimarem que, durante o seu domínio, a população do Congo foi reduzida a metade, em consequência da violência, fome, exaustão e doenças.

Na Exposição Universal realizada em Bruxelas em 1958, Leopoldo II aprovou a exibição de um "zoológico humano" de homens, mulheres e crianças congoleses, hoje um símbolo da desumanização dos congoleses promovida pelo monarca.

A fortuna reunida com a exploração e o comércio dos recursos congoleses foi aplicada pelo rei em grandes obras públicas, como o Palácio da Justiça de Bruxelas, um dos edifícios de pedra maiores do mundo.

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