Meteorologia

  • 24 ABRIL 2024
Tempo
22º
MIN 12º MÁX 24º

Nova Iorque prepara fim do segredo da ficha disciplinar de polícias

Os legisladores do Estado de Nova Iorque preparam-se para revogar uma lei, com mais de 30 anos, que permite que os registos disciplinares dos agentes da polícia se mantenham confidenciais, quando os críticos da brutalidade policial exigem responsabilização.

Nova Iorque prepara fim do segredo da ficha disciplinar de polícias
Notícias ao Minuto

21:38 - 08/06/20 por Lusa

Mundo George Floyd

A lei estadual, conhecido como 50-a, foi aprovada na década de 1970 para prevenir que os advogados de defesa criminal sujeitassem os agentes a situações de assédio com interrogatórios sobre informação irrelevante da sua vida pessoal.

Esta legislação aplica-se tanto a polícias como a bombeiros.

Mas, ao longo dos anos, a lei permitiu que se lançasse um véu sobre muitos dos registos de má conduta policial.

Queixas formais sobre o uso excessivo da força por polícias não são públicos em Nova Iorque. Em anos recentes, os departamentos da polícia até têm citado a lei até para se recusarem a informar se algum agente foi punido.

A legislatura liderada pelos democratas tem agendada para hoje a revogação desta lei, além de um conjunto de outras, incluindo a proibição de os agentes recorrerem a técnicas de estrangulamento para controlar as pessoas e incluir na lei estadual uma ordem executiva que dá ao procurador-geral o poder de investigar alguns tipos de má conduta policial.

O governador estadual Andrew Cuomo afirmou hoje que tenciona assinar as propostas de lei, argumentando que os agentes da polícia merecem o mesmo nível de escrutínio que outros funcionários públicos, como professores.

"Os seus registos vão ficar disponíveis", afirmou Cuomo.

"É simples paridade e igualdade como todos os outros funcionários públicos", salientou.

Os líderes de uma associação de sindicatos da polícia opõem-se à mudança da lei, tendo dito hoje, em comunicado, que a divulgação dos registos pode colocar os agentes perante "danos inevitáveis e irreparáveis à sua reputação e condição de vida".

Ao contrário, grupos defensores da reforma da justiça criminal e das liberdades cívicas têm desde há muito exigido a revogação desta lei, que consideram entre as mais promovem o segredo no país.

Apenas os Estados de Nova Iorque e do Delaware têm leis que permitem privilégios especiais aos polícias na revelação dos seus registos, segundo um comunicado de grupos como Common Cause New York ou o New York Public Interest Research Group.

A votação desta lei ocorre em plena vaga de manifestações e protestos contra o racismo e a brutalidade policial.

Este movimento nasceu da morte do afro-americano George Floyd, em 25 de maio, depois de, estando imobilizado no chão, o polícia Derek Chauvin lhe ter colocado o joelho no pescoço, onde o manteve cerca de nove minutos, apesar de aquele lhe dizer que não conseguia respirar.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.

Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório