Milhares de malianos exigem demissão de presidente do país
Dezenas de milhares de malianos manifestaram-se hoje na capital, Bamako, para pedir a demissão do Presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita, criticando o que consideram ser a insegurança e injustiça social no território.
© Reuters
Mundo Mali
De acordo com a agência noticiosa Efe, os manifestantes agruparam-se junto à Praça da República, em resposta a um apelo lançado pelo líder religioso Mahmoud Dicko e entoaram cânticos para o afastamento do chefe de Estado, a demissão do Governo e a dissolução da Assembleia Nacional.
Os manifestantes acusam Presidente, Governo e parlamento de má governação.
Entre os manifestantes encontrava-se o xeque Dicko, antigo presidente do Alto Conselho Islâmico Maliano, criado em 2002 como uma plataforma independente com o objetivo de unir e representar as várias tendências da região muçulmana -- partilhada por cerca de 90% dos cidadãos do país.
O Mali é palco regular de manifestações e motins desde o mês passado, após o Tribunal Constitucional ter garantido a vitória, nas eleições legislativas, à coligação do partido do chefe de Estado.
O descontentamento surgiu depois do anúncio dos resultados definitivos das eleições legislativas realizadas em março e abril, que deram ao partido no poder mais 10 lugares que o previsto nos resultados provisórios.
A tensão política no Mali foi também estimulada pelo sequestro de Soumaila Cissé, um líder da oposição, poucos dias antes das eleições, sendo que este continua desaparecido.
A instabilidade que afeta o Mali começou com um golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do norte do país durante 10 meses.
Os fundamentalistas foram expulsos em 2013 devido a uma intervenção militar internacional liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no norte e no centro, escapam ao controlo estatal e são, na prática, geridas por grupos rebeldes armados.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 no Mali, Burkina Faso e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.
Além de uma força conjunta do G5 Sahel - composta por militares de Mali, Burkina Faso, Níger, Chade e Mauritânia -, a região conta também com a operação Barkhane, uma missão das Forças Armadas francesas no Mali, e da Minusma, a missão da ONU no Mali.
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