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Busto do rei belga Leopoldo II vandalizado em protesto contra o racismo

Um busto do antigo rei belga Leopoldo II foi vandalizado esta semana perto de Bruxelas, numa altura em que um grupo intitulado "Reparar a História" exige a retirada das estátuas do monarca, acusado de ter "exterminado" milhões de congoleses.

Busto do rei belga Leopoldo II vandalizado em protesto contra o racismo
Notícias ao Minuto

18:57 - 05/06/20 por Lusa

Mundo Bélgica

O ato, que não foi reivindicado, aconteceu alguns dias antes do 60.º aniversário da independência do antigo Congo belga, atual República Democrática do Congo, a 30 de junho de 1960, um país que durante muito tempo foi propriedade privada do soberano.

Também ocorreu na mesma altura de um cenário de mobilização internacional contra o racismo, após a morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia, nos Estados Unidos.

O busto e o rosto do antigo rei, de barba longa, estavam cobertos de tinta vermelha, numa estátua localizada no parque do Museu Real da África Central, em Tervuren, perto de Bruxelas.

Na base era possível ler um insulto, de acordo com os jornalistas da agência francesa France-Presse.

Segundo o diretor do museu, Guido Gryseels, os danos a esta estátua, que datam de "terça-feira ou quarta-feira", são frequentes neste parque aberto durante o dia e a noite.

Atos de vandalismo foram registados noutras esculturas em memória de Leopoldo II por todo o país, nomeadamente em Ostende e Antuérpia.

Em Antuérpia, uma estátua coberta de vermelho, cor que simboliza o sangue derramado pelos congoleses, tinha uma inscrição na base na qual se podia ler "Congo is van ons" ("Congo é nosso", em neerlandês), o que leva a pensar numa réplica assinada por nostálgicos da era colonial.

Leopoldo II, que reinou desde 1865 a 1909, é uma das figuras históricas mais controversas da Bélgica.

Em nome da "missão civilizadora" da Bélgica no Congo, estabeleceu um regime colonial descrito pelos historiadores como um dos mais violentos da história, baseado principalmente na exploração de borracha natural.

O monarca, apelidado frequentemente como "o rei construtor" é um "herói para alguns, mas também um carrasco", que "matou 10 milhões de congoleses", acusou o grupo "Reparar a História".

Numa petição que recolheu quase 50.000 assinaturas até hoje à tarde, este grupo pede às autoridades da cidade de Bruxelas que removam todas as estátuas erguidas em homenagem a Leopoldo II, um pedido que o conselho municipal da capital prometeu examinar na segunda-feira.

Outro grupo que afirmar fazer parte do movimento "Black Lives Mater" (As vidas dos negros importam) pediu no domingo "uma manifestação contra o racismo", ecoando a mobilização internacional em homenagem a George Floyd.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Pelo menos 10 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.

Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

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