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Ataque no nordeste da RD Congo provoca a morte de pelo menos 23 civis

Pelo menos 23 civis morreram no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo) durante um ataque do grupo armado Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco), uma milícia que opera na região.

Ataque no nordeste da RD Congo provoca a morte de pelo menos 23 civis
Notícias ao Minuto

16:59 - 04/06/20 por Lusa

Mundo RD Congo

O ataque ocorreu na noite de terça-feira, na aldeia de Moussa, província de Ituri, segundo ativistas da sociedade civil citados pela agência noticiosa Efe.

A incursão aconteceu depois de uma reunião entre o governador da província, Jean Bamanisa, com os chefes locais.

"No início da manhã fomos informados e encontrámos, em primeiro lugar, 16 corpos. Depois de mais buscas, encontrámos outros sete corpos, totalizando 23 civis mortos na aldeia de Moussa", referiu o ativista Jean Bosco Lalo, citado pela Efe.

O ataque, que ocorreu depois da reunião realizada para tentar a erradicação da Codeco, que matou dezenas de pessoas nos últimos meses na região, provocou indignação junto da sociedade civil.

O porta-voz do Exército, Jules Ngongo, confirmou a existência dos ataques, assim como a presença de militares na aldeia. O governador condenou o ataque e insistiu na necessidade do desenvolvimento de uma estratégia para erradicar a milícia.

A Codeco é principalmente constituída por membros da comunidade lendu, um dos grupos étnicos da região, e foi fundada como uma estrutura de apoio financeiro aos agricultores desta comunidade, tendo escalado progressivamente até se transformar numa milícia que enfrenta regularmente a comunidade hema, um outro grupo étnico na região.

Desde meados do ano passado, na zona de Djugu -- onde está situada Moussa -- os confrontos e os ataques por grupos armados intensificaram-se.

Noutros anos, o conflito provocou vagas de deslocados internos, em particular no final de 2017 e início de 2018.

De acordo com os líderes comunitários da região, os mais recentes ataques já não são conflitos puramente étnicos, reclamando que há um apoio estrangeiro de ugandeses e tanzanianos junto dos lendu.

No final de abril, os ataques da Codeco provocaram cerca de 50 mortos, tendo as Nações Unidas considerado, na semana passada, que os recentes assassínios podem ser considerados como crimes contra a humanidade.

O conflito entre lendu e hema remontam ao final da década de 1990, quando as tropas ugandesas na RDCongo, presentes devido à Segunda Guerra do Congo (1998-2003) decidiram colocar os hema, um grupo minoritário, encarregue da administração de Ituri, uma província rica em recursos minerais, como ouro.

Esta questão étnica deu início ao "conflito de Ituri" que, segundo a ONU, provocou 50 mil mortos.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para a escalada de violência na República Democrática do Congo, que faz fronteira com Angola, e apelou às organizações para que intensifiquem a assistência aos deslocados, que numa província aumentaram em 200.000 desde abril.

Num comunicado, a MSF destaca que, desde abril até agora, 200.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas e vários centros de saúde foram destruídos pela violência, que aumentou na província de Ituri.

"Nos dois meses que decorreram desde abril, quase 200.000 pessoas foram deslocadas das suas casas, na província de Ituri, no nordeste da República Democrática do Congo", segundo as equipas da organização médica internacional que trabalham na região, refere-se na nota.

Durante o mês passado foram vários os ataques na região. Em 12 de maio, pelo menos 11 civis morreram em Ituri num ataque atribuído à Codeco, tendo outras 20 morrido num outro ataque realizado na noite de 16 para 17 de maio.

Os mais recentes, atribuídos ao grupo armado Forças Democráticas Aliadas (ADF), apontam para cerca de 40 mortos nas províncias de Kivu Norte e Ituri, no final de maio.

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