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Médicos Sem Fronteiras alertam para escalada da violência da RD Congo

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para a escalada de violência na República Democrática do Congo e apelou às organizações para que intensifiquem a assistência aos deslocados, que numa província aumentaram em 200.000 desde abril.

Médicos Sem Fronteiras alertam para escalada da violência da RD Congo
Notícias ao Minuto

06:00 - 04/06/20 por Lusa

Mundo RD Congo

Num comunicado, a MSF destaca que, desde abril até agora, 200.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas e vários centros de saúde foram destruídos pela violência, que aumentou na província de Ituri.

"Nos dois meses que decorreram desde abril, quase 200.000 pessoas foram deslocadas das suas casas, na província de Ituri, no nordeste da República Democrática do Congo (RD Congo)", segundo as equipas da organização médica internacional que trabalham na região, refere a nota.

Assim, os Médicos Sem Fronteiras salientam que a RD Congo já ocupa o segundo lugar a seguir à Síria em número de deslocados no interior das suas fronteiras e apelam "às organizações nacionais e internacionais para que intensifiquem a sua assistência às pessoas deslocadas".

Segundo a organização, são "milhares" as pessoas deslocadas em lugares sobrelotados e onde as condições humanitárias mínimas estão longe de ser alcançadas. "As equipas dos MSF estão a tentar dar resposta às necessidades mais urgentes das pessoas, mas é necessário prestar mais ajuda, incluindo cuidados de saúde básicos e fornecimentos essenciais", sublinham.

Como exemplo da violência que ocorre na província de Ituri relatam o que se passou no último ataque, que ocorreu em 17 de maio na região de Drodro, quando os aldeões foram mortos ou ficaram com as suas casas incendiadas.

Na sequência do ataque, o pessoal dos MSF apoiou os profissionais de saúde que estavam a prestar assistência médica de emergência a mulheres e crianças com ferimentos de bala e de machete, conta a organização.

Naquele ataque, a vítima mais jovem foi um menino, de 15 meses, que estava amarrado às costas da mãe quando esta foi alvejada. "A bala atravessou as pernas do rapaz e matou a mãe", afirma Diop El Haji, líder da equipa médica da MSF, acrescentando que a criança acabou por ser levada para o hospital geral de Drodro pelos vizinhos.

"Os pais da criança foram mortos no ataque, juntamente com as suas três irmãs e os seus três irmãos. De toda a sua família, apenas sobreviveu um irmão, por ter conseguido fugir para o mato", relatam os MSF.

Segundo a organização, outro dos aspetos que caracteriza a violência destes ataques é que têm também como alvo os centros de saúde, o que dificulta ainda mais o trabalho dos profissionais no apoio às vítimas e nos cuidados na doença.

"A 2 de maio, a guerra chegou à zona de Wadda e deixou mais de 200 casas queimadas", afirmou Alex Wade, chefe de missão dos MSF em Ituri, acrescentando: "O centro de saúde que estávamos a apoiar foi pilhado. Infelizmente, não foi o primeiro estabelecimento de saúde a ser visado. Só em maio, pelo menos outros quatro foram atacados".

Na RD Congo, as pessoas comuns são as principais vítimas dos combates entre as milícias e o exército nacional e muitas vivem com medo dos ataques, o que "está a dificultar os esforços dos MSF para prestarem cuidados médicos", refere a nota.

"As nossas equipas estão a lutar para prestar cuidados de saúde tanto às populações locais como às deslocadas, porque não temos garantias de acesso seguro a algumas zonas" e o acesso das pessoas aos cuidados de saúde é dificultado, não só pela violência, mas também pelo medo da violência, dizem os MSF na mesma nota.

"A violência visa sistematicamente as aldeias e os centros de saúde, a fim de impedir o regresso das pessoas que fugiram", afirmou Benjamin Courlet, coordenador de MSF no terreno.

Assim, "algumas pessoas estão demasiado aterrorizadas para irem para os centros de saúde que ainda funcionam nas aldeias ou nos campos. Em vez disso, ficam no mato, por isso criámos clínicas móveis para lá chegar", adiantou.

"Tendo em conta o recente conflito, a prioridade é chegar às pessoas que necessitam de assistência médica imediata e depois tentar melhorar o mais possível as suas condições de vida", disse Courlet.

"Além disso, temos de implementar medidas de prevenção de infeções, especialmente tendo em conta a ameaça da covid-19. As necessidades das pessoas são enormes e não podemos fazer tudo sozinhos", concluiu.

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